Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


07 Maio 2007

É UMA HONRA ter um conto publicado numa revista electrónica de prestígio como a Axxón. Em particular, o subtil «Apêndice para Obra Desconhecida», inspirado num formato Ballardiano (as condensed novels deste autor sempre me fascinaram enquanto exercício de escrita). Pela primeira vez, também, vejo publicado formalmente (ou seja, não contando com a presença no meu blog Caderno de Contos) um conto meu numa edição em língua não portuguesa antes da publicação numa portuguesa (embora esta talvez não tarde...). A ler aqui em castelhano, e aqui em português. Com um pouco de sorte, talvez o inglês venha a ser a próxima...

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06 Maio 2007

A VERSÃO CONDENSADA do grande clássico 2001: Uma Odisséia no Espaço. Se ainda não viu, não se preocupe, não vai perceber mais aqui do que não perceberia com o filme original (e perde menos tempo).

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05 Maio 2007

A ETIQUETA PERFEITA para uma nave interestelar...

(My Elves Are Different, de Steve Wilson)

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FICÇÃO NUM GUARDANAPO. Foi um projecto da Esquire. O gosto das palavras nos lábios limpar a boca e ficam frases sons no papel. Imaginário óbvio? Não entremos em domínios escatológicos, por favor...

(Os contos não estão na revista - a capa está só aqui por causa da Halle Berry...)

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DESTAQUE PELA SURPREENDENTE SENSATEZ literária da autora do artigo (é raro que personalidades do nosso meio se refiram à FC com tanta clareza), sem quaisquer considerações acerca do tema do artigo ou dos argumentos apresentados (já temos blogues políticos em demasia); o negrito é meu:

(...) É possível que quem me leia esteja a pensar que estou a descrever um mau enredo de ficção científica. Não é assim. A ficção científica, mesmo a de má qualidade, é sempre uma projecção do possível, sendo que nem sempre o possível é desejável. E a ciência sabe que não compensa relativizar valores éticos permanentes em nome de razões puramente utilitaristas que, aliás, o próprio progresso na sua dinâmica acaba por resolver. (...)

No Diário de Notícias.

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24 Abril 2007

APENAS UMA MENÇÃO NÃO CRÍTICA, mas que teve o seu impacto (vários foram os amigos que me telefonaram a dar os parabéns), no programa Com os Livros em Volta, da TSF.

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TUDO COMEÇOU COM UM MANIFESTO DE OPINIÃO do actual vice-presidente da SFWA (Associação dos Escritores de FC Americanos), Howard V. Hendrix, na qual chamava de fura-greves («scabs») os autores que começavam a disponibilizar gratuitamente na internet partes das suas obras, ou mesmo obras completas, comprometendo a acção dos restantes que tentavam obter maiores e melhores direitos de autor junto das casas editoriais. Infelizmente misturado com um pendor a tender para o tecnófobo, o manifesto, ou melhor dizendo, o desabafo, concluia a argumentação com estas frases que despoletaram a polémica (vale a pena seguirem os links propostos, desta vez):

I'm also opposed to the increasing presence in our organization of webscabs, who post their creations on the net for free. A scab is someone who works for less than union wages or on non-union terms; more broadly, a scab is someone who feathers his own nest and advances his own career by undercutting the efforts of his fellow workers to gain better pay and working conditions for all. Webscabs claim they're just posting their books for free in an attempt to market and publicize them, but to my mind they're undercutting those of us who aren't giving it away for free and are trying to get publishers to pay a better wage for our hard work.

Estaria correcto? A presença de trabalhos online propencia à não compra por parte dos leitores e por consequência à diminuição dos lucros dos autores? O debate foi acérbico (recomendo a argumentação calma e racional de Bacigalupi), mas o aspecto mais positivo terá sido a declaração do International Pixel-Stained Technopeasant Day (adaptação muito livre: Dia Internacional do Tecno-Parolo Que Faz Umas Coisas na Net) pela Jo Walton, no qual, coincidindo com o dia mundial do livro, se convidava os autores a colocarem ainda mais material disponível nos seus websites com acesso gratuito.

A adesão foi imediata e universal (embora quase exclusivamente por parte de autores praticamente desconhecidos ou que já tivessem uma forte presença na internet; ou seja, a nova geração; verifiquem a nítida ausência de Dan Simmons, Silverberg, Le Guin, Gene Wolfe, entre tantos outros, e a discretíssima ausência de menção formal na revista Locus), e o resultado pode ser apreciado nesta e nesta compilações. O debate entre os principais contribuidores, Stross, Scalzi e Buckell, pode ser escutado aqui.

Para mim, a melhor lista continua a ser a dos Nomeados para o Prémio Hugo, dos quais foi também disponibilizado gratuitamente o romance Eifelheim, de Michael F. Flynn (muito discretamente, a par do também excelente Blindsight de Peter Watts).

Ah, então, e os portugueses? E a minha opinião sobre o assunto? Isso, meus caros, são cenas do próximo episódio...

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19 Abril 2007

UMA VISITA BREVE A UMA EXPOSIÇÃO virtual da Universidade de Delaware. A propósito, alguém adivinha onde se podia encontrar a seguinte revista? Na mão enluvada de quem?... (pista: está aqui no menu da direita.)

An image of Amazing Stories.

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O QUE SE TERIA PERDIDO EM DRAMATISMO se este restaurante tivesse elevador... (aparentemente foi necessário um mês só para fazer esta cena única, sem cortes, e dois operadores de câmara.)

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16 Abril 2007

REVISITANDO UM TEXTO INFORMATIVO sobre as Colecções de FC portuguesas, na antiga Trilha. Desde 2004, eis o que aconteceu:
  • Argonauta - praticamente inexistente, há meses que não sai um número novo. Interrompeu-se assim (definitivamente?) o ritmo mensal da mais antiga colecção de FC em português (faria este ano o seu 50º aniversário)
  • Europa-América - da colecção Nébula saiu num volume pesadão a primeira - e lamentavelmente, de vários comentários e críticas temos fortes razões para crer que a única - parte da saga de Cátia Palha, no que parece ter sido uma tentativa demasiado evidente e mal concebida de ganhar terreno na fantasia juvenil; após o inevitável fracasso (pela experiência do mercado, o livro é demasiado caro e de fraca qualidade e nem sequer apoiado de forma promocional para poder ganhar o necessário terreno que mostrasse à editora a validade de apostar neste tipo de estratégia), aguardamos para ver qual será a estratégia da editora para a colecção, sendo que já experimentou no passado recente a publicação de obras de reputada qualidade (Walter Miller, Connie Willis), sem desta resultar igualmente o sucesso experado (a nossa afirmação deriva do senso-comum: se não fosse assim, teriam continuado nesta senda). Há muito tempo que se aguardava que uma das mais representativas colecções de FC nacionais (englobando os livros de bolso, que cessaram por completo há vários anos), a única que durante quase duas décadas conseguiu ombrear com a Argonauta e ir mantendo-se viva, considerasse válida a inclusão de um autor de língua portuguesa; mas D. Sebastião chegou tarde de mais, quando já não havia prestígio mas apenas oblívio em tal publicação, e surgiu sem armas nem capacidade de lutar.
  • Viajantes no Tempo - Neil Asher foi publicado, Richard Morgan ainda não, embora a respectiva tradução tenha sido entregue há anos (palavras do tradutor).
  • Via Láctea - foi recentemente editado Os Guardiãos da Noite, numa tradução directa do russo, o que indicia que a colecção continua a mexer-se e a saír da extrema identificação com o público adolescente; se foi um caso pontual ou a inauguração de uma tendência, os próximos capítulos dirão.
  • Portal FC - esta já não publica mais.

Entretanto, no meio deste cenário lúgubre, novas esperanças:

  • Gaialivro - tem publicado fantasia juvenil, na maioria por autores nacionais, com algum sucesso comercial; a diminuição do ritmo e a recente tendência para escolher autores estrangeiros indicia que o estratagema se está a esgotar.
  • Bang! - colecção de Fantástico da Saída de Emergência, já publicou Robert Howard, Michael Moorcock, Dan Simmons e autores nacionais; é a colecção mais activa do momento, embora as tendências sigam a fantasia mais do que a FC propriamente dita.
  • Chimpanzé Intelectual - não uma colecção mas uma editora, que se inaugurou quase exclusivamente com propostas no ramo da FC em língua portuguesa, sem dúvida uma aventura inédita e corajosa (já tive oportunidade de dizer isto pessoalmente ao editor).
  • Livros de Areia - outra pequena editora cuja proposta se centra quase exclusivamente na área do fantástico, embora com uma selecção de obras mais eclética e alternativa que o comum anglo-saxónico das editoras acima, que, a continuar, poderá vir a fazer por este género o que a Caminho de Bolso fez pela FC nos anos 80; também já incluiu um autor nacional.

Apenas uma nota de esclarecimento relativamente à minha posição quanto aos jovens autores de fantasia cujas obras foram apressadamente tomadas e levadas a público, com maior ou menor discernimento editorial: a questão não está aqui em discutir a qualidade nem a escolha literária das obras que estes autores decidiram trazer a público; também não será de emitir juízos de opinião sobre o que aparenta ser uma atitude oportunista de mercado das editoras (que têm de sobreviver num mercado pequeno e difícil), embora com estas não consiga encontrar tantos motivos de perdão, pois, por muitas boas intenções que haja nas decisões tomadas, há um natural grau de liberdade e risco que se pode propor a um autor desconhecido e que um autor experiente ou com alguma presença no meio teria imensas reservas em seguir. Não é também uma questão de critérios literários: há um lugar para o Eragon e respectivos derivados, e se frequentemente criticamos a sua presença excessiva no mercado, é por reconhecermos que, a gostos virgens (onde se incluem obviamente os dos jovens leitores, mais propícios a procurar as novidades do que a descobrir clássicos empoeirados), um McDonald's será confundido com haute cuisine, e daí a necessidade de alertar para os possíveis efeitos secundários do produto (ao contrário da maioria dos bens de supermercado, os livros não trazem advertências ao consumo), sendo um dos mais perniciosos o de estragar o paladar e por conseguinte impedir o consumo de boa literatura, daquela que não entope as veias do pensamento e traz algum contributo à vida. Também não seria justo, nem sensato, tecer críticas formais sobre o que constitui o imaginário da juventude actualmente, exposta a um conjunto de influências, se não completamente diferentes da minha experiência passada, pelo menos o suficiente para que a produção literária desta geração seja distinta da geração de há quase duas décadas (não tecer críticas formais não significa que não tenha uma opinião e que não a apresente em outros fóruns; a diferença é que a opinião é formulada com base em gostos pessoais e critérios literários predilectos, enquanto que a crítica formal tenta ser isenta e reconhecer a existência de outros critérios, por muito que choquem com os primeiros). Não: a minha efectiva ressalva é, primeiro, de considerar que as obras produzidas careciam de maior trabalho editorial, de maior experiência do autor, e em certos casos, de uma extensa revisão do estilo e do português utilizado (ao contrário do inglês, a quem isso se perdoa, é comum na nossa língua escritores que, logo em tenra idade, revelam uma riqueza lírica forte e se destacam face aos demais), face ao grau de exposição ao público - que se sabia de antemão que seria elevado, no qual a mínima fragilidade destacar-se-ia negativamente sob a intensidade da ribalta - isto não é só uma desconsideração para com os autores, como para com o público alvo, pois denuncia a típica atitude de que os «putos papam qualquer coisa», o que não podia ser mais insultuoso e errado. E em segundo lugar, de suspeitar que, agora que o filão parece estar a acabar, não exista um plano de salvaguarda destes autores. E então, o que lhes sucederá, depois dos poucos anos de sucesso? Como enfrentarão o desânimo, como farão a transição para temas mais adultos? Sentir-se-ão desapoiados pela falta de crítica, ou incompreendidos pelas reacções demasiado negativas? Continuarão a escrever na área do fantástico, a ler esse tipo de obras? Lembrar-se-ão os autores da Presença e da Gaialivros, daqui a uns anos, que marcaram a sua presença no fantástico nacional? É algo que só o tempo dirá, e onde os próprios terão forte intervenção, se não desistirem da escrita nem da experiência da juventude, o que esperamos que aconteça, pois entre o conjunto havia algumas promessas interessantes. Suspeitamos que, a existir plano de salvaguarda, este terá de ter origem nos próprios, pois decerto que as editoras dificilmente o terão. O trabalho destas está feito, o mercado ordena, há que avançar. Infelizmente, esta é a realidade da vida. Não foi por acaso que o desaparecimento da colecção da Caminho e do prémio bienal fez dispersar os autores que nela publicavam ou podiam ter vindo a publicar. Já basta que sejam os maus rumos da História os que se repetem.

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12 Abril 2007

AND SO IT GOES que Kurt se foi deste mundo, depois de uma vida a batalhar pela ironia da vida e pela desclassificação da sua obra (consideravam-no como escrevendo Ficção Científica, o que supostamente renegava ou considerava limitativo). Em português, temos os excelentes Galápagos, Matadouro Cinco (ambos Caminho) e Barba-Azul (Difel). Em inglês está tudo. Façam a vossa escolha. E se quiserem conhecer melhor o homem, aparte o que encontrem no Google, eis desde já um documentário extenso. O que poucos comentam é que com Vonnegut foi também Kilgore Trout, e essa é outra grande perda para o género... («went into the house farting and tap-dancing to warn the owners the house was on fire, and the head of the house killed him with a golf stick» é talvez a melhor narrativa jamais inventada sobre o problema da comunicação com alienígenas...)

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