Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


17 Novembro 2011

É Quase Um Mandato. A capa de Andrade Matias com um plano aproximado do Vigilante. Ou, pelo menos, é o que afirmam.

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15 Novembro 2011

Numa Tarde Que Antecede o Inverno, um viajante (acidental) pode deparar-se inadvertidamente com comentários sobre a antologia: num comentário sobre outro livro, numa lista visual de lançamentos da semana, num comentário à boa e velha maneira com (finalmente) destaque para os contos e numa exortação à descoberta. Tudo isto pode parecer-lhe intrigante. No mínimo, esperemos que pernoite no piso por cima da taberna ao lado antes de prosseguir a inefável viagem e possa contar histórias agradáveis da nossa existência nas futuras pausas do caminho.

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09 Novembro 2011

Um Registo Televisivo da Anos de Ouro..., por via de uma entrevista que dei ao programa Câmara Clara da RTP2, já disponível online.

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04 Novembro 2011

Devolver O Jogo, ou como escrever uma crítica literária. É de cortar a respiração, a extrema subtileza e inteligência da apreciação do Rogério Casanova ao «Anos de Ouro...» que hoje foi publicada na coluna Opinião do Público - suplemento Ípsilon. É preciso ler e reler e voltar a ler, vez e outra, para redescobrir as palavras que passaram, pois o choque (de espanto e encanto) ainda ressoa na mente. Confesso, com imenso prazer, ter-me deixado enovelar na crença de uma outra crença que tudo indicava, até ao parágrafo final. E então, qual volteio da melhor prática de esgrima, a estocada de retorno, o golpe final, a estupefacção. A incredulidade. E depois a gargalhada. Que requinte, que delícia! Ser atingido pelo sentimento que me julgava negado, que é negado a quem está demasiado dentro do jogo e lhe conhece os truques. O sentimento que imaginava inspirarmos nos outros. E que deleite pela perfeição da prosa, bicho em infeliz extinção no nosso terreno jornalístico. Caro Rogério, a editora será de outra opinião, mas aqui fica, com sinceridade, o que penso: se da antologia não se vendesse nenhum exemplar, só o prazer de descobrir esta crítica, e nesta crítica um espírito irmão neste país de pendor tão soturno, teria justificado os anos de esforço e devoção. Eis uma crítica que vale uma edição autónoma e que apenas se revela na sua plenitude- ao contrário da norma - após a leitura da obra visada. Eis uma escrita literária. Mestre, prosto-me a seus pés. Obrigado.

PS - texto integral disponível através deste blogue.

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22 Outubro 2011

The Feeling Is Mutual. «Great things are done when men and mountain meet / This is not done by jostling in the street.» Blake.

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21 Outubro 2011

É Hoje! A data oficial de despacho para as livrarias. Se nestas os caixotes serão imediatamente abertos e expostos, desconheço. Procurem-na durante os próximos dias.

Reproduzo o texto de contracapa que tem servido para divulgação:

Houve um tempo em que heróis mascarados corriam as ruas de Lisboa à cata de criminosos; em que navegadores quinhentistas descobriam cidades submersas e tecnologias avançadas; em que espiões nazis conduziam experiências secretas no Alentejo; em que detectives privados esmurrados pela vida se sacrificavam em prol de uma curvilínea dama; em que bárbaros sanguinários combatiam feitiçaria na companhia de amazonas seminuas; em que era preciso salvar os colonos das estações espaciais de nome português; em que seres das profundezas da Terra e do Tempo despertavam do torpor milenário ao largo de Cascais; em que Portugal sofria constantes ataques de inimigos externos ou ameaças cósmicas que prometiam destruí-lo em poucas páginas, antes de voltar tudo à normalidade aquando do último parágrafo.

Treze contos para catorze tramas. Para descobrir a resposta é preciso conhecer a pergunta. É preciso entender que se trata de uma pergunta.

O meu conselho: leiam, entranhem e depois procurem saber. Se se entregarem completamente ao início, o prazer da revelação final será maior.

Ficam as ligações para aquelas coisas práticas, como comprar, expedir e pagar:

Na editora

Na Wook online

Na Bertrand

Atenção à tiragem reduzida. Comprem antes que esgote, senão vai ser difícil que se esgote. E desde já queríamos pedir desculpa ao José Saramago e ao José Rodrigues dos Santos por termos lançado inadvertidamente na mesma semana que os seus novos romances - não foi nossa intenção roubar-lhes o protagonismo.

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16 Outubro 2011

A Abrir A Revisão Do Mito De Fausto sob a égide da atitude do positivismo contemporâneo - a prática do método científico aliada ao estabelecimento do capitalismo - que nas mãos hábeis de Michael Swanwick assumiu a forma do romance O Verdadeiro Dr. Fausto, encontra-se um excerto de An Anatomy of the World: The first anniversary, do poeta inglês John Donne, suposto contemporâneo de Fausto.

And new philosophy calls all in doubt,
The element of fire is quite put out;
The sun is lost, and the earth, and no man's wit,
Can well direct him where to look for it.

Uma exortação evidente das falsidades da Ciência, que vêem impor ao Homem a nova filosofia do cepticismo e da necessidade de comprovação. Habilmente, e de forma muito subtil, é como se Swanwick sugerisse que Donne reagia às transformações impostas por Fausto, e à velocidade (voracidade?) de transformação do mundo.

O poema continua:

And freely men confess that this world's spent,
When in the planets, and the firmament
They seek so many new; then see that this
Is crumbled out again to his atomies.
'Tis all in pieces, all coherence gone;
All just supply, and all relation:
Prince, subject, Father, Son, are things forgot.

(Uma exortação cujo conservadorismo  - mau grado a comparação - teria sido abraçada pelo Estado Novo, sem dúvida...)

Swanwick escolhe a primeira estrofe e dessa forma escolhe também o tema central da obra: a perenidade da crença versus a solidez do facto.

Eis a minha leitura: ainda que queiramos acreditar na fé irredutível das massas, e que o espiritual é mais forte que o material, a verdade é que a sociedade sempre avançou de encontro ao facto, à realidade. Mesmo indo contra as respectivas crenças, a História viu o planeta abraçar os benefícios da medicina, da indústria, da tecnocracia. Não chegámos aqui por acaso, e se calhar chegámos um pouco distraídos, mas, se se poder afirmar que existe uma consciência colectiva, creio que neste acumular de escolhas e decisões se manifesta a nossa inconsciência colectiva: seguimos o caminho que mais nos beneficia, ainda que este seja contra a nossa fé.

Penso que este é um dos grandes argumentos ocultos neste romance, e que a história de Fausto é perfeita para a sua demonstração, pois nada melhor que o ritmo acelerado do progresso (vários séculos em poucas décadas) para evidenciar algo que a lentidão das eras oculta (da mesma forma que fotografias de uma paisagem montanhosa tiradas ao longo de décadas revelam que aquilo que parece imóvel e eterno é na verdade um lento mas agitado mar de pedra).

Claro que isso nos leva ao verso da medalha, que é o do progresso da ética e da moral, evidenciada pela citação seguinte à de Donne, um progresso possivelmente mais lento:

From Hell Mr Lusk

Trata-se do texto de abertura de uma das poucas cartas genuinamente atribuidas a Jack, O Estripador. Neste pequeno texto encontram-se a demência e maldade (inatas? Ou propositadamente enganadoras?) de um indivíduo, também ele fruto do modernismo (um dos primeiros serial killers da História a beneficiar do espaço urbano e dos meios de comunicação como forma de criar um mito instantâneo. Nisto, não há nada de novo; desde longa data que é sabido existirem dois meios de se alcançar fama rápida - criar algo de importante, ou destruir algo de importante).

A minha leitura é que este se torna no contraponto do romance. O Verdadeiro Dr. Fausto conduz ao progresso, traduzido no desenvolvimento tecnológico e económico. Contudo, este precisa de ser acompanhado por uma revolução social, a nível dos valores e da (Marx dixit) luta de classes (na verdade, é mais do que isso). E o problema é que esta revolução é extremamente lenta.

O poder e liberdade conferidos pelos novos gadgets não é imediatamente apreendido pela sociedade. Basta ponderar na forma como as tecnologias sociais alteraram os padrões de relacionamento no mero espaço de dez anos - mas alteraram para quem? Essencialmente para a malta nova, levando os restantes de arrasto. Contudo, não aprendemos a viver com estes em sociedade, em desenvolver valores éticos e morais - se para uns, utilizar o telemóvel desta e daquela forma é válido, para outros é ofensivo. Isto coloca um particular desafio para os pais e professores, que não têm padrões de comportamento que possam ensinar aos miudos e assim os deixam descobrir por si mesmos, por vezes com resultados patéticos (como os casos dos vídeos recentes sobre conflitos na sala de aula).

E nós somos a geração insensível ao progresso. Imaginem o ritmo de transformação imposta por Fausto sem o acompanhamento devido da moralidade. Sem o movimento feminista ou o término da escravatura, sem a declaração de princípios do homem, sem a constituição americana. Sem que os oprimidos reclamassem para si, com esforço e conflito, um espaço legítimo de aceitação social.

Jack o Estripador remete a sua carta do Inferno. Fausto, pelo contrário, encaminha o mundo para lá.

Capa da edição portuguesa

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