Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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10 Junho 2008

Causas Desconhecidas de Explosão em Fábrica Portátil Uma forte explosão fez-se sentir na passada madrugada, cerca das três da manhã, nas instalações da Eten&Drinken, multinacional holandesa cuja filiada nacional se situa num dos apartamentos de fábricas portáteis do edifício industrial da Bobadela. De acordo com os peritos, a explosão terá resultado da emissão e acumulação excessiva de gás metano decorrente do processo produtivo, para a qual contribuiu a localização numa zona do complexo fabril com baixo nível de expulsão de resíduos gasosos. Interrogado sobre esta situação, o representante dos proprietários do complexo declarou que não se encontrava no manifesto de requisitos da multinacional emissões daquele tipo de compostos, razão pelo qual a fábrica se situava na zona mais interior do edifício. A situação tornou-se mais complexa quando, às primeiras horas da manhã, a sede da Eten&Drinken emitiu um comunicado de empresa na qual afirmava que a filiada da Bobadela não era responsável por nenhuma substância da qual pudesse resultar metano ou qualquer outro gás potencialmente explosivo como substância residual, atribuindo as causas a uma possível má gestão do edifício industrial, a uma quebra acidental do espaço selado onde conduziam as operações ou a acção criminosa intencional por intermédio de uma infecção viral da linha de fabrico. Investigadores das seguradoras das várias empresas envolvidas, incluindo, segundo fonte segura, da americana do sector da saúde social No To Drugs cujas instalações fabris se localizavam no apartamento contíguo e que ficaram danificadas em resultado da explosão, foram já chamados a Lisboa para conduzir análises independentes. Ressalve-se que o a Eten&Drinken pertence a um jovem consórcio económico europeu do sector alimentar que nasceu da revitalização económica do Plano de Antuérpia e que em poucos meses, graças a uma engenhosa campanha de marketing invertido, conquistou exigentes mercados, como a França e os países ibéricos, com uma oferta diversificada de complementos energéticos à dieta, orientados para uma diversificada gama de segmentos etários e a preços muito reduzidos. Para isto contribui uma inovação a nível da estratégia corporativa: basear o processo fabril em micro-instalações domésticas portáteis e auto-sustentadas, comandadas remotamente pela fábrica-mãe, cuja instalação em pisos ou apartamentos de edifícios industriais, dos quais o da Bobadela é dos exemplos mais recentes e modernos, albergando cerca de cinquenta diferentes complexos fabris, permite ter custos de ocupação de espaço quase nulos e recorrer aos canais de distribuição partilhados do edifício para escoar os produtos fabricados. As investigações demorarão vários dias, possivelmente semanas, período durante o qual a transacção em bolsa dos títulos de participação da empresa permanecerão congeladas ao abrigo das Leis de Protecção aos Investidores. [Agência Nacional de Notícias, 10.06.2018]

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01 Junho 2008

O INTERESSANTE É QUE NINGUÉM PARECE NOTAR o efeito derradeiro que se retira da Praça LeYa, e de toda a discussão que ocorreu em torno desta, tal como se apresenta nestes dias húmidos e frios de Feira do Livro. Apenas Eduardo Pitta lhe faz menção («Editoras com fundos imemoriais, como a Asa, a Dom Quixote, a Caminho, etc., reduzidas às novidades dos últimos 15 dias»), mas como muitos considera que foi um acidente de caminho, um much-ado-about-nothing, e revê na luta de galos dos stands da Feira um incorrecto e ingénuo exemplo de como o mercado livreiro se comporta (senão não acrescentaria «Portanto, em vez da batalha campal, a concorrência devia estar agradecida. Dali não vem (não pode vir) prejuízo», esquecendo-se de que os canais de distribuição onde realmente se vende ao longo do ano não são tão democráticos quanto uma Feira que dá igual oportunidade a todos os editores). Se a escaramuça LeYa terá partido de uma decisão consciente ou aconteceu como sucedâneo de uma mais vasta estratégia de gestão (cujo aspecto trapalhão e prepotente como terá sido conduzida escondeu o facto de ter, aparentemente, resultado de uma decisão súbita, como se tivesse surgido algum factor novo que levou os administradores a mudarem de opinião - o que, em linguagem de gestão de topo, significa normalmente uma oportunidade tentadora em vista), a verdade é que em pouco menos de seis meses, ninguém mais se lembra que terá existido uma Caminho, uma D. Quixote, uma Asa, nem restam quaisquer esperanças que as voltemos a ver como editoras ou marcas independentes, como antigamente o eram. Tudo agora é LeYa, vermelho e indiferenciado entre si, demarcado dos restantes. Assim se acaba com a reputação de décadas e a importância dos catálogos distintos de editoras sem as quais (se a LeYa tivesse partido do nada) o novo grupo não teria qualquer relevâcia no mercado. Livros e autores assim misturados no mesmo caldeirão, uma nova marca presente na consciência do público e dos meios de comunicação - eis o que se consegue com uma pequena polémica, envolvendo associações e Câmaras e influências óbvias. Que nunca mais se diga que os livros não se conseguem tornar em arma política, mesmo nesta época pós-censura em que se pensa que os romances servem principalmente para satisfazer as volúpias fantasiosas das solteironas e das mal-casadas... Algo é certo: a Praça LeYa não está ali para vender livros em grandes volumes, está ali para vender a marca LeYa. Se este foi realmente o propósito, se não estou completamente equivocado na minha leitura, tiro o meu chapéu de gestor. Eis uma manobra económica e eficiente. Contribuiram sem dúvida para tirar o mundo editorial português da situação de apatia e auto-comiseração em que se encontrava há muito, qual cordeirinho deprimido. Embora não creie que, pelo menos no curto prazo, venha daí algum benefício concreto para a cultura portuguesa. Até porque não parece ser esse a finalidade do grupo, muito ao contrário da estratégia da Guimarães. O que se segue, agora que esta única e super-poderosa marca com um imenso goodwill acumulado se tornou presença efectiva e consolidada? Arrisco-me a adivinhar: venda antecipada antes do final de 2009? Talvez a algum grupo importante do Brasil, de Espanha? Seguiremos a telenovela com muito entusiasmo.

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