Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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29 Junho 2008

Profilaxia do Tabaco Autorizada para o 1º Ciclo «Esta é uma data marcante para a indústria tabaqueira», afirmou Asgaard Nooren, presidente delegado da Tacabos & Saúde SA quando o interpelámos para obter uma reacção oficial, apresentando um expansivo sorriso de contentamento. E boas razões tinha para se sentir assim, pois acabara de ser informado que a proposta pela qual lutara duante dois anos e meio, durante os quais promovera eventos de sensibilização e esclarecimento pelas feiras industriais e tecnológicas de toda a Europa, defendera e patrocinara a realização de estudos de viabilidade por entidades autónomas e interpelara o Parlamento Europeu para a realização de plenários extraordinários sobre a matéria, tinha sido aprovada por maioria, necessitando apenas de ser ratificada pelo Presidente Representante Europeu para se tornar realidade. Este último passo, que na opinião do holandês radicado no nosso país desde que assumiu a liderança do braço ibérico desta produtora mundial de tabaco profilático, é «uma mera formalidade, podendo considerar-se que a lei se encontra já em vigor», irá permitir que se inclua a educação do tabaco nos currículos do 1º ciclo (actualmente só se encontra a partir do 2º ciclo), e que a idade mínima para o uso desta terapia preventiva seja reduzida dos actuais 14 anos para os 10 anos de idade. Em termos numéricos, o contentamento do sr. Nooren é evidente: representa um mercado potencial de 45 mil compradores, ou 150 milhões de euros anuais, até agora monopolizado pela indústria dos doces e alternativos alimentares, veículos de administração e gestão médica da saúde bastante preferidos pela faixa jovem. Asgaard não teme a concorrência, que prevê dura e implacável. «O tabaco perdeu já toda a conotação negativa que merecidamente tinha no passado», relembra, «graças ao avanço da tecnologia.» O que no início do século era considerado como um vício nocivo, responsável por doenças graves e mau ambiente comunitário, tendo sido vítima de medidas sociais e políticas implacáveis para a sua erradicação, sofreu uma reviravolta incrível há apenas sete anos, ao ressurgir como um dos métodos usados para a gestão médica mandatória das populações adultas, normalmente difíceis de convencer a seguir medidas profiláticas determinadas pelas entidaeds estatais. Entre os produtos que se podem encontrar nos tabacos actuais encontram-se vitaminas básicas, antibióticos, antivirais, profiláticos de desordens como a diabetes e o colesterol, e muitos outros, em dosagens e composições regulamentadas por institutos oficiais, e distintas consoante grupos etários, genéticos e territoriais. Mas também outras indústrias começam a utilizar cada vez mais o cigarro como meio terapêutico, como por exemplo, as da gestão da aparência, cujas soluções dietéticas marcam forte presença nas nossas farmácias e supermercados. Todos estes factos deixam Asgaard Nooren feliz, e mesmo as acusações públicas de lobbying político e de financiamento oculto de determinadas campanhas eleitorais não são o suficiente para lhe perturbar o sono. «A concorrência, como disse, é feroz, e essas declarações fazem parte do jogo. Pensavam que fumar era um acto enterrado e acabado. Mostrámos que ainda se podia fazer dinheiro, muito dinheiro, com isso. Bastava ser-se inovador e eliminar os aspectos nocivos do produto. Dar-lhe a volta, por assim dizer.» E o futuro? «O futuro é conquistar cada vez mais mercados e fazer do cigarro profilático uma constante da vida das populações.» Como se consegue isso? «Conquistando os últimos monopólios. Como por exemplo, o da chucha. Acredito que se fizermos bem as coisas, não haverá mercado mais fiel que o dos bebés...» [Agência Nacional de Notícias, 29.06.2023]

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25 Junho 2008

Dos Lábios do Escritor. Rick Kleffel, o incansável editor e produtor de um dos mais interessantes e prolíferos podcasts literários, cuja missão é apresentar um autor novo praticamente todos os dias (a maioria dos quais nossos velhos e novos conhecidos desse grande género que é o fantástico) conversa desta feita com Salman Rushdie, acontecimento ao vivo no Rio Theater californiano realizado ainda na semana passada, quando da promoção do novo livro The Enchantress of Florence (cuja trama decorre, obviamente, em plena Renascença, com Maquiavel e os Medici à mistura, símbolos emblemáticos da era de uma cidade que, culturalmente e no espírito dos autores, parece ter parado no tempo)- autor britânico-indiano que durante alguns anos terá sido figura emblemática de uma estranha mistura de alívio e inveja por parte dos colegas: alívio por não terem sido tragicamente amaldiçoados pela força das suas próprias palavras; inveja devido a uma esposa como esta, que preferiu um autor vinte e poucos anos mais velho à escolha mais habitual de um desportista da sua idade... No meio da divertidíssima conversa, misturando anúncios, tiradas políticas e àpartes literários, algumas lições preciosas, entre as quais a necessidade de disciplina no acto de escrever (encarar a escrita como um trabalho; ou como Neil Gaiman afirmou em outras paragens, a escrita tanto é um trabalho que o principal requisito para que resulte feita está em, simplesmente... comparecer) e a necessidade de se crescer, enquanto pessoa, como requisito essencial para que o autor se torne interessante de ler. Algo que rema contra a corrente das pressas de publicação dominantes no nosso mercado. A entrevista está dividida em duas partes, que aqui incluo directamente para vossa conveniência (também poderão ouvi-las directamente na Agony Column).

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