Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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17 Novembro 2008

25 Dias de Pulp. «King, like any good pulp writer, is concerned not to let a single reader walk away puzzled. Ambivalence means failure. Sometimes this produces less a short story than a short narrative, told without compression in strict chronological order except for the odd flashback imported in the service of believable motivation, and worked out in such plain sight that it constantly second-guesses the reader's emotional intelligence and intuition.» M. John Harrison a respeito do mais recente livro de Stephen King, a colectânea Just After Sunset).


Wurst não queria acreditar no que via. Drücker, Günter, Timm, Jan, Niklas, toda a equipa da Contabilidade, aguardavam-nos de armas empunhadas do outro lado do hangar, cada um a bloquear a respectiva portinhola de saída. Todos, sem excepção, envergando uma farda de soldado raso da Deustch Wehrmacht com a suástica ao ombro.


Todos, sem excepção, com um olhar alucinado no rosto. Timm, o gorducho e bonacheirão Timm, tremia que nem varas verdes e suava debaixo do pesado capacete. Mas a arma continuava empunhada.


Apontadas a eles, aqui deste lado.


«Isto é uma loucura», pensou Wurst, sabendo que escolha o esperava. Sabendo o que estavam a pensar cada um dos dez homens naquele apertado espaço. Sentindo o calor da fornalha aumentar nas costas. Dizendo-lhe que a decisão não poderia demorar.


Limpou a testa com a manga. O suor já escorria, também nele, para lhe fechar os olhos.


- Isto não tem de acabar assim! - berrou, para se ouvir por cima da fogueira infernal. - Podemos trabalhar em conjunto!


Niklas engatilhou a arma. O som foi declaração suficiente. Mas ele ainda acrescentou:


- Deves pensar que isto ainda faz parte do team-building... As regras foram bem claras. Por cada um de vocês que escapar, um de nós morre.


- Temos as chaves de saída - Wurst ergueu um bloco articulado de metal. - Podemos escapar todos!


Lindd agarrou-lhe a mão bruscamente.


- És louco? Estás a dar-lhes mais motivos para acabarem connosco? - sussurrou.


- Mas... podemos escapar todos... juntos... - balbuciou Wurst.


- Isso não acontecerrá, senhorrr Wurrst - soou uma voz fininha, efeminada, nos altifalantes do hangar. - Ou julga que eu não terria pensado nisso?


Olharam em conjunto para cima, para uma redoma de vidro junto ao tecto que protegia um palanque de observação. Neste, sentava-se uma figura vestida de branco, rodeada de microfones, de contornos indistintos ante a distância. Na mão segurava um instrumento indefinido.


- A chave funciona só uma vez. Cada porrtinhola se fecha após um homem passarrr. Um homem e não mais. Quem ficarrr aqui morre assado... como frrrango!


E iniciou uma tirada de gargalhadas loucas.


Wurst não se conteve e apontou a espingarda para a redoma, mas os dois únicos tiros que conseguiu soltar foram ineficazes. Depois disso a arma apenas produzia cliques em vazio.


- Senhorrr Wurrst, acabou de gastarrr a sua munição! Veja se os seus camarradas foram assim tão idiotas...


Wurst sentiu um arrepio como nunca experimentara. Uma sensação de ameaça completa. Os antigos colegas de departamento, do outro lado da barreira, encaravam-no com uma satisfação animal. Pensando em como seria fácil retirar-lhe a chave da mão.


Apertou-a com força. Pela primeira vez, sentia o que os outros já tinham percebido. Havia apenas uma força de sair dali vivo.


Ainda que fosse à custa de...


- Basta de demorrras! Vamos darr início à festa! - e do alto empunhou o instrumento que trazia na mão, que se definiu e permitiu a Wurst perceber finalmente do que se tratava: uma pequena câmara de filmar de 8 mm.


O baque-baque ritmado do motor da câmara soou nos altifalantes. Por detrás deles, no cimo do plano inclinado, a fornalha inclinou-se e começou a despejar metal em brasa.


- ACÇÃO! - gritou o louco.

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08 Novembro 2008

O Que É Sci-Fi, o Que É Science Fiction? Eis um pequeno debate ocorrido há uns bons aninhos (ainda o Independence Day era novidade), com Harlan Ellison no seu usual self. A verdade é que quando este senhor se calar, desaparece mais um defensor da verdadeira FC. Outra verdade é que este debate é tão confuso e inútil para o mundo em geral como o é, para mim, os programas de comentários desportivos que convidam pessoas que não pertencem ao mundo do futebol, não são jogadores, treinadores nem donos de clubes, e contudo argumentam como se a sua pequenez fosse ouvida. A grande vitória do sistema democrático foi de dar aos pequeninos a ilusão de que conseguem mudar o rumo das coisas. Por sua vez, a grande vitória dos pequeninos foi de, por vezes, até conseguirem mudar...

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