Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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06 Junho 2009

Pulp, Pulp e Mais Pulp. Há seis meses que terminou o prazo de submissões para o Pulp Fiction à Portuguesa e desde então temos estado calados. É compreensível que isto enerve alguns entusiastas. Em particular nesta época em que, no meio de tanta agitação editorial e primeiras obras publicadas à pressa, não existam espaços de tertúlia fiáveis e honestos que permitam aos novos autores jogarem-se de braços abertos à ferocidade da crítica e sairem de lá transformados e mais capazes de distinguir a boa da má prosa. No meu tempo, a tertúlia chamava-se DN Jovem, e garanto-vos que ajudou imenso. Entrava-se à custa do mérito, e ainda que conheça quem não concordasse com alguns critérios editoriais aplicados (embora não entenda porquê, uma vez que os textos lá publicados eram de extrema qualidade - e obviamente que não falo das minhas humildes tentativas), servia como rito de iniciação, motivo para encontros, e um prazer enorme em saber que o nosso nome tinha sido levado, naquela terça-feira, a todos os pontos do país. É compreensível, assim, que qualquer oportunidade de publicação sirva como forma de justificação do autor. Ainda bem que assim é, e ainda bem que existe o interesse. Como aliás se pode comprovar pela centena de participações que recebemos, beyond our wildest dreams, de todos os géneros e feitos, sendo a maioria de participações lusitanas. Por todas elas, e pelo vosso interesse, os meus profundos agradecimentos.

Em que ponto se encontra o projecto, então? Bem, considerem que os contos são levados a campeonato e têm de chegar às finais. A primeira etapa de selecção já aconteceu, e os nitidamente desenquadrados (houve quem enviasse histórias intimistas sem um pingo de acção contrariando o espírito da coisa) e os de prosa perturbada (que é como quem diz, desconhecimento do português) não fizeram parte das selecções iniciais. A seguir começaram os jogos de pontuação, e quase num paralelo com um campeonato, nesta fase os contos ganham pontos numa análise mais estreita, e em competição entre si. As eliminações que ocorrem são já de um nivel profissional - o enredo não está bem estruturado, ou a situação não é credível, ou a abordagem contradiz-se no decurso do texto, ou é demasiado previsivel,  ou a história acaba por não ter um fim. Não é obviamente uma selecção totalmente taxativa, mas algo é certo: se após duas ou três leituras um conto ainda nos deixa na dúvida, é porque quase certamente não se enquadra.

Chegamos assim aos oitavos-de-final, e aqui as eliminatórias já começam a acontecer. O número de participantes reduz-se, e os contos serão comparados entre si. Não é um processo fácil, pois o processo de escolha é mais delicado. Procura-se encontrar as qualidades do conto entendendo primeiramente se os que nos apraz e o que nos afasta dele são qualidades intrínsecas e reconhecidas por outros, e não derivadas somente de gostos pessoais. Não que se prometa uma selecção completamente objectiva - afinal, os autores e os editores querem-se pela sua subjectividade, pela sua forma particular de ver o mundo. Mas quem selecciona tem de estar consciente que os seus gostos pessoais podem interferir e impedir que o livro se revele no seu pleno, pois quem manda são as histórias.

Felizmente, há contos que atravessam, por vezes velozmente, todas estas barreiras, e prometem ser bons candidatos para as finais. Deste processo demorado, resultarão uma dúzia, mais ou menos (o número dependerá da dimensão dos contos e do tamanho final do livro) de galardoados para constarem da primeira antologia assumida de Pulp Fiction à Portuguesa.

Por isso, não desanimem e aguardem mais um pouco. A demora que experimentam não é mais do que a consequência de haver pouca capacidade de profissionalização neste mercado. O negócio dos livros do lado de quem escreve neste género não é suficiente para pagar aquelas contas que nos chegam todos os meses, e portanto a vida intromete-se nos prazos, que é o mesmo que dizer que acaba por ser um acto de paixão. É difícil para todos, em particular para vocês, público fiel que vai seguindo as nossas obras e contribuindo para o nosso crescimento. Mas no conjunto ainda somos poucos, e como qualquer movimento que depende dos números, é preciso espalhar a palavra. Não deixa de ser uma honra saber que são as nossas palavras que saciam a vossa sede. Mas falta ainda transformar o vosso familiar, amigo, vizinho, desconhecido da rua em ânfora. Só assim o oásis poderá cobrir o deserto.

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03 Junho 2009

I Have Seen The Future e foi uma experiência de dissonância cognitiva. Não há melhor modo de datar um filme que pela tecnologia retratada.

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