Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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05 Setembro 2010

Erros Meus e Má Fortuna, que sem dúvida sobejaram - pela especial graça das investigações para o Pulp Fiction à Portuguesa -, conduziram-me às folhas de O Isqueiro de Ouro, título com que Dick Haskins, também conhecido por António Andrade Albuquerque, inaugurou a sua actividade literária. A edição original data de 1959, embora a Web afirme que o número representa na realidade 1954, e a Web, como sabemos, nunca se engana. A qual, e não só, também o proclama um sucesso internacional em vintena de países. Se nesta realidade se numa alternativa, não faço ideia. Para tal, espero que o texto se tenha magicamente transformado numa preciosidade noir. Ou que o autor se redima nos romances seguintes. O que duvido, pois também li o Expresso de Berlim, livro bastante recente e que prometia uma boa história. Ficou-se pela promessa e pelos diálogos insalubres (tão pouco plausíveis como, por exemplo, os do Desafio de Aniceto).

Em O Isqueiro, o aparente suicídio de uma rapariga na linha de metro de Londres não convence o intrépido reporter Haskins, que julga tratar-se de assassínio e que tudo faz para o comprovar. Até consegui-lo, prega bofetadas, murros e ameaças em tudo o que é gente, numa demonstração de subtileza jornalística. Diz ao chefe de redacção para publicar parangonas que contradizem a afirmação da polícia e para as quais não tem provas, e espantosamente, o jornal manda a sensatez jurídica às favas e vai em frente. Mulheres caem a seus pés sem que tenha exibido um único prenúncio de carisma ou bom hálito. As deduções científicas recaem no presumível trajecto da bolsa da vítima, que foi encontrada longe do que seria o local de pouso se o suicídio fosse verdadeiro (e claro que os outros passageiros não poderiam ter-lhe dado um pontapé no corre-corre da comoção), e que só Haskins considera como pista relevante, contra toda a equipa de investigação forense da Scotland Yard. Grande homem.

Dirão que os anos 50 eram complicados e que o autor, jovem então, labutava por prazer contra a falta de material, de conhecimento e de experiência, inspirado em más ficções populares. Ninguém diz o contrário. Mas um livro é um livro é um livro. As circunstâncias do seu nascimento não devem ditar a apreciação futura e o tempo de vida, e às vezes é melhor simplesmente enterrá-lo de morte matada.

Mas nem tudo é mau. Dizer que, no final do livro, apeteceu-me escrever um conto em que o protagonista enchia de porrada este personagem Dick Haskins e o metia no devido lugar, não uma mas várias vezes, é, se o quiserem ver pela positiva, uma forma de explicar que o livro não me deixou indiferente.

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26 Agosto 2010

«O Verdadeiro Dr. Fausto», trabalho de ano e meio sobre o qual ainda não me pronunciei devidamente - como aliás, outros projectos - teve destaque particular de José Guardado Moreira na secção Atual do Expresso da passada semana (21 de Agosto), que não só entendeu inteligentemente a intenção do livro como lhe atribuiu quatro estrelas. Espero que este empurrão simpático contribua para criar algum furor junto dos leitores, já que o pobre do livro anda muito calado pela blogosfera. Mostre-se o mundo como efectivamente era há alguns séculos, repleto de doença, penúria, repressão e maldade, e sem dragões nem cavaleiros de cuidada higiene nem feiticeiros bondosos, e é ver o colectivo de apreciadores de fantasia fugir em debandada...

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