Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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30 Julho 2006

THE STATE OF SCIENCE FICTION, que, se formos literalíssimos e traduzirmos como «O Estado da FC» (e não a «situação», como deveria ser), incorremos no mesmo significado ambíguo que a palavra «Estado» tem em inglês: a noção da imposição política (neste caso, eventualmente mais demagógica) de um conjunto de regras estéticas defendidas por um grupo, contra as de outros grupos. Neste caso, falamos de ficção científica versus sci-fi, cuja distinção deveria separar a boa (literária, especulativa, fundamentada em princípios estéticos que foram crescendo ao longo do século XX) da má (apressada, estereotipada, recorrendo a convenções e pressupostos não fundamentados, mal escrita ao nível do estilo) ficção científica, mas que normalmente serve para distinguir a fc na forma escrita da fc na forma audiovisual.

Apesar do que Lou Anders, editor da Pyr, afirma no seu blog, o problema não está em tentar disfarçar um filme como não sendo ficção científica - esse é outro problema, mas contra este falará a vontade do público e as receitas de bilheteira. Anders cita alguns exemplos de filmes, mas o caso pode observar-se igualmente nos livros - a atitude de Margart Atwood não está longe no tempo, e mesmo recentemente David Mitchell, numa entrevista à Bloomberg TV, embora não tendo negado que Cloud Atlas seja em parte ficção cientifica (e mérito lhe seja dado), ficou nitidamente preocupado com tal categorização num canal público.

A preocupação demonstrada tem as suas raízes, por um lado na capacidade de penetração de mercado (e sejamos maduros: aqueles senhores são escritores profissionais, e preocupam-se de facto com o nível de vendas), por outro no estigma ainda hoje bem vivo da situação de gueto do género, não porque não contenha escritores excelentes e obras de mérito, mas porque os fãs que na sua inocência (alguns casos) ou imbecilidade (outros) populam as convenções vestidos como os personagens das séries televisivas retiram a seriedade à fotografia de conjunto... (outro preconceito: se nos estamos a divertir não é boa literatura - algo que debati na Cidade da Carne).

O problema mais grave é o da ficção científica não assumir a ciência de base. Como se falar e debater ciência fosse um pecado nos dias que correm. Esta mentalidade é perpetuada por shows televisivos que, embora assumindo-se como bastiões da nova FC, envolvem as convenções do género em auras de misticismo que em nada contribuem para a descodificação dos temas. Penso muito concretamente no caso do Battlestar Galactica versão século XXI, que resume-se a pegar na lenda (quase diria mito rural) da travessia do deserto pelo povo hebraico em busca da terra prometida e vesti-la com capas de ficção científica - isto talvez explique o nível de misticismo assumido (atente-se ao desenrolar dos episódios passados em Kobol na segunda série), mas não desculpa a perversão que está no centro do que entendemos por «FC».

Se a FC perde terreno para a fantasia nas livrarias e no discurso mundano, esta será sem dúvida uma das razões. A ciência perdeu um pouco do seu brilho e mistério, o que implica apenas que anda a ser mal explicada, ou mal utilizada na literatura. 

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29 Julho 2006

NÃO É TECNOFANTASIA: a tomar uma bebida imperialista americana enquanto ouço uma parte da gravação do lançamento de Jeff Vandermeer na Fnac (brevemente) e leio Martin Lake... e entre nós o gprs e um pda... ter literalmente o mundo nas mãos.

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