Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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12 Setembro 2006

CHAMEM-ME EXIGENTE mas como é que consigo ficar insensível quando ouço destas barbaridades numa entrevista: «neste futuro as pessoas viajam pela realidade virtual e não fisicamente» - sim, se forem daqueles americanos pategos que até têm medo de conhecer L.A. ou NYC, ou por exemplo, da inclinação do Gonçalo Tavares quando afirma que nunca sai de Lisboa, porque as pessoas normais que não estejam impedidas por um problema físico, familiar ou financeiro grave gostam de viajar e tentam fazê-lo a qualquer momento, contactam com outras culturas e realidades e são transformadas no processo. Ou quando diz que «um primeiro encontro de namoro será feito possivelmente de forma física mas os seguintes serão virtuais» - obviamente, se cheirarem mal dos pés, da boca, não cortarem as unhas ou não tomarem banho, pois será a única forma de manterem uma relação longa... Por muito que o Edelman diga isto a brincar, declarações como esta em lugares públicos são o que impede a FC de ser bem vista. Imagino este senhor numa discussão aberta com o Mário de Carvalho e o João de Melo sobre o papel da literatura a proferir barbaridades semelhantes, e o olhar de incompreensão estarrecida/gozo profundo no conjunto da assistência. Não tendo lido o livro, não posso criticá-lo, apenas ao autor e à postura na entrevista - esperemos que seja melhor escritor que entrevistado. Mas à partida fujo a sete pés da história - afinal não estamos a falar de um Vernor Vinge, que aborda o assunto de uma forma racional, crítica e inteligente, como se pode ouvir aqui. Edelman limita-se a reproduzir na sociedade os padrões de comportamento existentes na internet - ora, por muitos pontos de contacto que existam, são dois mundos diferentes, com regras diferentes, e seria preciso uma tecnologia mais promíscua entre os dois para conseguir produzir alguma forma de real mistura. Como Cory Doctorrow, Edelman parece acreditar no poder redentor das tecnologias de informação, esquecendo-se que apenas os geeks como ele dão alguma importância ao mundo virtual - mais de 90% do mundo continua a existir como sempre existiu, beneficiando marginalmente do uso das novas tecnologias. E porque estarei tão irritado? Porque não passa de literatura pulp com capas digitais: tão errado está vestir os westerns com roupagens de FC, como é fazê-lo com os romances de geeks no mundo dos computadores. O rei é outro, e pode até ter sido eleito, mas passeia as suas vergonhas pudibundas tão nú como o proverbial da estória...

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10 Setembro 2006

E POR VEZES HÁ DESTAS IRONIAS. Se detestei Waiting for the Zephir, em particular pela beleza da narração e da voz da narradora, que merecia melhor texto, agora venho recomendar-vos vivamente o excelente Her, também de Tobias Buckell, um trabalho que mostra perfeitamente como o raciocínio da narrativa em FC enaltece as qualidades de uma ideia de cariz impressionista e sarcástica - aqui apresentado numa leitura áudio. Também gostei da advertência ao início: «recomendado apenas a pessoas maduras de qualquer idade.»

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