Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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04 Janeiro 2008

CRESCIMENTO DA ECONOMIA DO FAVOR. Se precisar de encontrar um canalizador, uma oficina de reparação automóvel, um carro com motorista para o fim de semana, um dentista para uma emergência, uma ama para os filhos, a quem recorre? Noventa porcento dos leitores indicarão os motores de busca da internet, os portais comunitários ou as listas telefónicas. Nove e meio porcento perguntarão aos amigos e familiares. Apenas meio porcento, segundo estatísticas recentes, se lembrará de pedir ao banco. Contudo, numa crescente tendência de apoio e acompanhamento do estilo de vida dos clientes em todos os aspectos, e pressionados por um mercado altamente competitivo, de margens baixas e regulamentação apertada, a indústria bancária começa a apostar fortemente num novo conceito de serviço global, distante dos tradicionais produtos financeiros. Esta abordagem assenta no conceito do «banco de favores», no qual a moeda de troca é a prestação de um serviço pessoal ou profissional (o «favor»), sobre o qual não recai, geralmente, um pagamento directo mas uma determinada pontuação, atribuida segundo regras de mercado em todo semelhantes às da moeda corrente, e que pode ser acumulada, ou depositada, junto dos bancos. De igual forma, o valor acumulado das pontuações dos «favores» que prestou poderá ser utilizado para recorrer aos serviços prestados por outras pessoas no mesmo regime, não necessariamente a pessoa a quem fez o favor inicial. Assim, imagine que o leitor é o canalizador acima referido, e que ao responder ao apelo da pessoa necessitada acumula determinado saldo na conta que abriu na instituição financeira – chamado o saldo de «boa vontade»; poderá então utilizá-lo para pedir a assistência de uma empregada doméstica para lhe limpar a casa, ou de um estafeta para fazer um recado, ou de alguém que simplesmente vá passear o seu cão. Todos os favores são válidos, desde que não violem nenhuma lei em vigor, e geralmente não podem ser trocados por valores pecuniários (embora tenha recentemente surgido um mercado paralelo de venda dos favores acumulados). O benefício para os bancos é evidente: não só expandem a relação com os clientes como fazem crescer os índices de fidelidade; e por cada favor prestado ao abrigo deste serviço, o banco reserva uma percentagem de comissão, também em pontuações de favor, que é normalmente utilizada na contratação não remunerada de trabalho temporário não especializado, para atender call-centers e apoiar campanhas publicitárias. No entanto, é um preço que vale a pena pagar, pois os bancos oferecem uma segurança adicional que a maioria das listagens da internet não garante, ao requererem ao cliente provas de identidade no acto de inscrição e manterem uma base de dados comum ao mercado sobre a qualidade e integridade do prestador de serviços em causa. Serviços não-financeiros desta natureza não são de agora, mas só actualmente começaram a constituir um peso significativo na economia dos países ocidentais, pois trata-se para todos os efeitos de trabalho não sujeito a trocas financeiras, e logo isento de impostos sob a actual fiscalidade. Situação que, estamos em crer, não se irá manter durante muito tempo... [Agência Nacional de Notícias, 04.01.2012]

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04 Janeiro 2008

ESTAVA-SE EM INÍCIO DOS ANOS 90 e um filme de FC quase esquecido apresentava uma continuação que faria história no cinema e consagraria James Cameron como o realizador a apostar quando se quisesse fazer sequelas de histórias de acção e fantástico. Terminator 2 destacou-se pela bravata, pela intensidade da abordagem, pela inteligência dos efeitos visuais, na apresentação de uma visão do futuro que, mesmo não fazendo muito sentido lógico, era directa, assumida, implacável. Linda Hamilton trouxe uma nova forma de actuar para as heroínas de acção, finalmente destacando-se da personagem indefesa do filme anterior. Arnold representou o papel de uma máquina implacável com uma contrição muito sua, aproveitando-se devidamente da sua aparência de imigrante entre americanos. E Robert Patrick passa a quase totalidade do filme sem uma única deixa mas com uma presença marcante, mostrando-se como é possível actuar apenas pela expressão corporal e com uma personagem tão limitada. Da terceira parte, já nesta década, esperemos que reste tão pouca memória quanto de Highlander 2.

Infelizmente, o filão não ficou por aqui, e agora surge na televisão norte-americana os episódios intermédios da saga, ou seja, o que teria acontecido entre a segunda e a terceira parte (onde a mãe do puto já não existe). The Sarah Conner Chronicles prometem muito diálogo introvertido, muito umbiguismo, alguma simbiologia de Beckett, no sentido em que estaremos todos à espera de Godot, ou seja, de uma abordagem inovadora que provavelmente nunca virá. Algo que nunca compreendi é porque existia apenas um robô atacante de cada vez. Porque é que do futuro não enviaram dezenas, centenas de máquinas para tentar acabar com o miúdo, em simultâneo na mesma época (e uma vez que os defensores fariam o mesmo, imaginem o combate titânico destes verdadeiros exércitos). Ou matar os pais antes de se encontrarem. Ou libertarem simplesmente dardos, substâncias tóxicas, veneno nas condutas de água e na comida das vilas onde iam morando, pragas biológicas no ar - mesmo que dizimassem uma boa parte da população, não tinham como objectivo acabar com o puto fosse como fosse? Estão a ver como se pode levar o conceito a um crescendo caótico de loucura? E como, pensando bem, as abordagens dos filmes até hoje são realmente pobres.

Duvido que a série siga este rumo. Pelo trailer, promete-se mais perseguições de carro e explosões. Resta-nos Lena Hadey, discreta mas bela em 300, com a sua beleza e competência como actriz, que talvez componha o ramalhete. E a nova exterminadora, que talvez venha também a ser governadora da Califórnia... (Via Sound+Vision).

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