Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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11 Março 2008

SITE PRECISA DE COLABORADORES. Desta feita é o interessante «Bela Lugosi is Dead», um site sobre cinema de terror (e não só) mantido pelo portuense Rui Pedro Baptista. Procura colaboradores que contribuam com artigos. Eis uma boa oportunidade para (por exemplo) se iniciarem nas lides do blogging. Mais informações aqui.

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09 Março 2008

MESMO A VONTADE DE CONHECER e divulgar a história da ficção científica em português não é suficiente para resistir ao produto acabado, quando o temos finalmente entre mãos para apreço. W. Strong-Ross, a.k.a. Francisco Azevedo (que surge como «tradutor» de todas as suas obras), autor nascido no século XIX, pode ter dedicado parte da sua vida a escrever histórias «pulp» de aventuras e ter conseguido granjear uma posição dentro deste género (pesquisas posteriores o revelarão) mas o primeiro contacto com as experiências no fantástico deixou muito a desejar.

O livro em questão chama-se A Fantástica Experiência, e foi publicado em 1965, apresentando um acabamento barato e uma capa prática, branca, apenas com a referência ao título, ao autor e à editora (Cimo - Ficção e Ciência). As badanas resumem pormenorizadamente a história, desde início apresentada como um misto de Mary Shelley e de Fausto (não fossem os leitores e potenciais críticos ignorar as referências óbvias): um determinado jovem médico, para salvar a potencial amada, implementa nela um método revolucionário para expansão da vida. Como? Pela substituição das vísceras... E o prolongamento, é significativo? Aparentemente, não, apenas até aos 120, 150 anos, que é para não sermos muito ambiciosos...

Digamos que se este enredo fosse proposto num ambiente gótico, como os da dita inspiração, decorrendo em plena era vitoriana, resultaria numa percepção completamente diferente, na qual a tecnologia e a própria linguagem arcaica contribuiriam para uma atmosfera de clássico de terror. Contudo, e logo a abrir a novela, o autor situa-nos em plena década de 1960. Num século que assistiu à descoberta da penicilina, do ADN, da guerra química, de progressos na cirurgia - nomeadamente cardíaca -, o método «revolucionário» proposto que é a base especulativa da história cai assim por terra.

E infelizmente, a inspiração do mito teutónico de Fausto é mais uma vez uma repetição da famosa atitude anti-ciência de que «há coisas que é melhor o homem não querer saber...», tão apreciada pelos extremistas católicos de direita de actualmente. Num longo e desnecessário prefácio, o autor explica-nos desde logo que o único desfecho possível será o da tragédia - embora, para sermos justos, admitamos que haja aqui um imperativo romântico e não uma má vontade explícita contra o conhecimento.

Quando esta obra foi publicada, o autor contava já com setenta e sete anos de idade (de acordo com o imprescindível Bibliowiki), razão perfeitamente humana para fantasiar sobre avanços médicos no prolongamento da vida (um dia nós próprios lá chegaremos...) com a preocupação de manterem o paciente no pleno uso das faculdades mentais. A proposta, contudo, como forma de inspiração para as gerações posteriores de leitores e autores de fantástico nacional, não apresenta uma base suficientemente forte para competir sequer com o movimento New Wave que, nesses mesmos anos, revolucionava culturalmente a literatura anglo-saxónica.

Uma percepção ligeiramente diferente deixou-nos os Best-Sellers de Ficção Científica, editado pelo Roussado Pinto. Isso, no entanto, ficará para outra ocasião.

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