Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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02 Outubro 2008

Se Estiverem Interessados, uma pré-visualização da apresentação de mais logo nesta página. Com um pouco de sorte, conseguirei transmitir em directo. Depende da tecnologia. Tudo depende da tecnologia!

ACTUALIZAÇÃO: Afinal, a tecnologia não me serviu (ou eu não servi a tecnologia), uma vez que a banda larga de um dos serviços nacionais de telecomunicações tem dificuldade em atravessar paredes, o que entendo. Fiquem então com a apresentação e uma promessa de relato mais logo.

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01 Outubro 2008

Conselhos de Escrita do mestre Stephen King, que toca num ponto fundamental. Escritores que não têm por hábito ler industrialmente - ler não apenas blogues ou notícias, e nem sequer apenas um género, mas mergulhar de forma diversificada e abundante nos livros, desde literatura mainstream, mistério, thrillers, romance histórico, novelas românticas, ficção científica, fantasia, horror, ensaio, biografia, temas actuais, em suma, tocar em tudo para conhecer como se faz e que temas e peculiaridades caracterizam cada género, antes de se concentrar num preferido - tornam-se profissionais desirmanados das ferramentas do ofício. A linguagem banal do quotidiano não é a linguagem usada na prosa, nem um romance segue a estrutura dos dias. Um romance é um universo-cápsula, um conjunto de instantes capturados e organizados na sugestão de um sentido e de um progresso (ou retrocesso). A estória de um romance, quando este é bem feito, ocorre dentro de uma estória maior, de igual forma que o autor não pode ser separado da vida de tudo o que o rodeia nas suas breves décadas de passagem por este plano. A única forma de polir as ferramentas da linguagem é estar atento a ela, ao ritmo das narrativas, à peculiar evocação de ambientes conferida pela organização das frases e dos parágrafos. E para isso, é preciso estar em constante diálogo com os autores, com os livros. Nada os substitui.

Além disso, é importante uma educação basilar no momento correcto. Também na leitura há épocas. Contactei com os clássicos (Melville, Sartre, Homero, Eça, etc.) durante a juventude, quando havia tempo e paciência, nos tempos em que a técnica se desenvolvia e tinha sede de aprender. Lia Ellery Queen e Ruth Rendell e Conan Doyle e Louis L'Amour e James Fenimore Cooper. Enchia as prateleiras de ensaios de física, astronomia, biologia e sociologia. Lia toda a ficção científica a que conseguia deitar mão e que a mesada conseguia financiar. Era uma perfeita esponja, absorvendo e analisando como os autores faziam, o encerramento de capítulos, a passagem entre cenas, ficando maravilhado quando descobria alguém que tinha feito algo de diferente com excelentes resultados (como, por exemplo, contar uma história em sentido inverso, que só encontrei uma vez e que me inspirou na experiência que poderão encontrar n'O Futuro à Janela). A razão entre horas passadas a ler e escrever pendia proporcionalmente para beneficiar a leitura. Hoje em dia, por motivos óbvios da falta de tempo que decorre de uma vida adulta, é impossível dedicar tanto tempo e ter igual paciência e vontade de mergulhar em todos os autores e temas. Há muito para ler, anos insuficientes pela frente, e escolhas acabam por ser feitas.

Não sei se ainda se lê tanto, se os jovens autores percebem o que lhes falta antes de procurarem criar textos de ficção. Das minhas actividades como seleccionador para antologias e prémios, é nítida a falta de contacto de certos participantes (infelizmente com maior frequência do que esperava) com a riqueza da palavra escrita. A escolha de frases banais de uso corrente, a falta de percepção de ritmo e do suspense (suspense no sentido lato de manter uma história interessante e não somente o que decorre de revelações intervaladas), a incongruência inclusive entre afirmações proferidas (por exemplo, o autor afirmar repetidamente que uma determinada cidade tem 500 anos de idade, para, a páginas tantas, no decorrer de outra descrição, mencionar que há mil anos que não sofria uma invasão... - este exemplo, já agora, é do passado e não está relacionado com os meus actuais processos de selecção). E muitos outros problemas que impedem que a boa intenção do escritor seja transmitida para a página. Não sei que fenómeno seja este, mas desconfio que esteja relacionado com o facilitismo da publicação («publica-se fácil e rapidamente na internet, porque não em papel?») e com a ausência de foros de crítica responsáveis nos quais a sensível auto-estima do pretendente a autor seja alvo de fortes pancadas, como nos templos shaolin das tardes da SIC, até sair dali um valoroso guerreiro da prosa. A leitura abundante resolve alguns destes problemas, porque normalmente enche o espírito do jovem autor de exemplos e inspirações que naturalmente quererá verter nas suas próprias obras de forma organizada.

O tema é vasto e voltarei a ele brevemente. Deixo-vos com o Steven.

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