Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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24 Dezembro 2008

Fiquei Relativamente Impressionado com o exemplar que recebi do Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica 2007, organizado por Cesar Silva e Marcello Simão Branco. Este anuário começou a ser produzido em 2005, embora, como os editores explicam na introdução, seja a primeira vez que é editado em formato livro (os números anteriores foram produzidos de forma mais amadora) - pela mão da Tarja Editorial, que tem sido responsável pelo lançamento recente de autores brasileiros de FC (por exemplo, Fábulas do Tempo e da Eternidade, da Cristina Lasaitis, que também me encontro a ler). Tem como objectivo cobrir o ano anterior ao da sua edição a nível do que é produzido literariamente no Brasil, no género fantástico.

Como tal, e algo que de imediato o torna extremamente valioso como material de referência, efectua um apanhado das obras publicadas em 2007 no território brasileiro (não considera as edições portuguesas importadas) - a nível de autores nacionais e estrangeiros (Saramago é considerado, correctamente, nesta última categoria). Os organizadores não se poupam a esforços (que não devem ter sido poucos) em inventariar todos os tipos de publicações existentes, desde as editoras tradicionais a virtuais a edições de autor, dividindo-as pelas diversas categorias de romance, colectânea e não-ficção, e pelos géneros de FC, Fantasia e Horror. A lista ocupa várias páginas, uma vez que só a nível dos autores brasileiros conseguem identificar um interessante número de 89 novos títulos, de um total de 232 livros representando o mercado total (ou seja, incluindo autores estrangeiros e reedições). Destes 89 títulos de autores brasileiros, cerca de metade (42, por coincidência um número bastante FC) são romances impressos e 28 obras virtuais. Os organizadores concluem que os autores procuram mais a categoria romance que a do conto (cuja crise atribuem à cessação das antologias temáticas decorrentes do desaparecimento da editora Anos-Luz), embora também afirmem que «alguns editores têm reclamado a ausência de bons romances para publicar.»

A qualidade das obras é abordada na secção seguinte de críticas (resenhas), na qual um conjunto de obras eleitas é analisada sob um olhar exigente, apontando as falhas e as virtudes, e desnudando as influências literárias evidentes nas quais o autor se terá baseado para a sua obra. Sem dúvida há aqui uma vontade louvável de premiar o original e a qualidade literária. O fabuloso Confissões do Inexplicável, a obra-testemunho de André Carneiro (uma edição cuidada, volumosa, que apetece ler, repleta dos contos deste veterano do fantástico) é apreciada detalhadamente, e o Anuário inclui ainda uma extensa entrevista com o autor, acompanhada de bibliografia. A terminar, um artigo de Roberto de Sousa Causo: «Tupiniweird: New Weird Entre Nós?»

Como objecto estranho neste Anuário encontra-se também a nossa antologia Por Universos Nunca Dantes Navegados, que acabou por ser apreciada pelos organizadores, embora tecnicamente a sua publicação em Portugal a retirasse do âmbito de abrangência da obra. É uma crítica honesta e bem-vinda, apenas centrada sobre os contos brasileiros (os portugueses são mencionados sem opinião), concluindo que embora nenhum conto se destaque, também não há contos manifestamente maus, contribuindo para uma edição bastante homogénea. O nosso obrigado aos organizadores por este destaque.

O Anuário 2007 é omisso quanto à situação em Portugal, facto que se deverá à ausência neste número do «correspondente português» Jorge Candeias, cujos artigos (presumo de comentários que encontrei na internet, embora nunca tenha pessoalmente constatado a situação nem os organizadores expliquem o caso) formavam parte de alguns dos Anuários anteriores. Infelizmente, desconheço o teor efectivo desses artigos passados, nem se se encontrarão disponíveis na internet.

A concluir, este Anuário é um projecto raro e precioso, e que espero que continue a ser produzido, apesar das dificuldades que desconfio existirem. Ao apresentar uma perspectiva global e sistematizada a respeito da situação do mercado no Brasil, confere-lhe uma unidade, um espelho no qual os autores poderão posicionar-se e equiparar-se face aos seus pares. Além disso, contribui para o crescimento da crítica profissional e do estudo académico, essenciais para o desenvolvimento de qualquer literatura. Portugal não ficaria nada mal servido se alguém, com tempo e genica suficientes, desse o passo em frente e imitasse tal façanha.

[O Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica 2007 é publicado pela Tarja Editorial e pode ser encomendado por aqui.]

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09 Dezembro 2008

E Depois Há Portugueses que surgem assim do nada, como Sebastiões expelidos por neblinas informáticas, cujas galerias ocultas de ficção científica existem cheias de imagens desgarradas, sem páginas anexas, longe de contos e romances e sagas, como é o caso de João Ribeiro.

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