Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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15 Julho 2009

O Uso De Termos Específicos é determinante para o estabelecimento do cenário e das expectativas na narrativa. Poderia ser uma frase de uma tese académica, mas é a conclusão que se retira imediatamente deste divertido exercício de David Malki, que ao apresentar variações sobre um excerto (não o mais brilhante exemplo, admita-se), pela alteração subtil de algumas palavras, transforma a percepção da história na mente do leitor.

A questão particular de estabelecerem-se expectativas deve ser considerada com atenção porque o leitor, ao identificar o texto como pertencendo a este ou aquele género, sentirá atracção, repúdio ou eventualmente indiferença. Ou seja, não é só o facto de as pequenas variações das frases em questão poderem ser identificadas com diferentes tipos de histórias, como cada uma das frases destina-se a públicos-alvo distintos. Tudo isto no singelo milagre da alteração de três ou quatro palavras.

Um texto destaca-se ou desaparece por virtude da excelência das palavras que usa, como as organiza e em que ponto da narrativa as apresenta - sem deixar de servir o imperativo «enredo».

Não é fácil ser-se escritor, mas é por vezes bastante divertido. Como demonstram as (sobejamente) mais interessantes alternativas propostas nos comentários daquele post. (via Bibliotecário de Babel)

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13 Julho 2009

Certas Notícias Não Deviam Surgir Assim. No meio de outras, comentários em blogues, respostas a tweets, lançamentos e críticas, e Charles Brown morto. O fundador da revista Locus, aos 72 anos. Possivelmente o ser humano que conhecia pessoalmente o maior número de autores de Ficção Científica e Fantasia de todo o mundo. Esteve em Portugal em 1996, por ocasião dos Primeiros Encontros de Cascais, e novamente em 1998, por ocasião dos Terceiros. De entre as últimas memórias desses tempos, a de um jantar na zona do Guincho em amena conversa com ele e a acompanhante, e depois trazê-los de regresso a Cascais no humilde Micra no meio das ruas compactas perto do Teatro Gil Vicente (e o comentário de espanto da acompanhante, que estariam sem dúvida habituada a ruas estadounidenses um pouco mais à-vontade...). E um comentário interessante sobre indumentárias profissionais (perante a minha ubíqua farda de fato e gravata) na qual afirmava que, desde que tinha deixado de ser engenheiro que nunca mais usara sapatos fechados na vida. Nesse ano, deixou-nos também uma mensagem, lida numa das noites de plateia quase vazia, naqueles estranhos Encontros sem espectadores, tão próximos do início da cisão da Simetria, e que atempadamente publiquei na primeira das encarnações deste sítio («A Ficção Científica e o Mundo Editorial dos Nossos Dias», partes um e dois). Uma mensagem que ecoa, num sincronismo bizarro, a questão da internacionalização da FC que debati abaixo (acompanhado por outros compadres destas andanças). Charles Brown publicou os meus primeiros escritos em inglês - relatórios sobre as míseras andanças do nosso país numa época em que pareciam fazer algum sentido - e assim entrava Portugal no rol dos países com uma FC em andamento. A Locus estabeleceu-se sem encetar polémicas nem causar disturbios, e permanece há quarenta anos. Há quarenta anos que serve como ponte e memória, a glorificar a permanência de um género pela divulgação e crítica indispensáveis ao seu crescimento. As grandes revoluções ocorrem pela calada. Os grandes homens passam discretamente. A obra fica. Godspeed, Charles.

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