Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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18 Julho 2009

40 Anos Depois Dos 40 Anos da ida à Lua foi o desafio do SAPO. Foi-me impossível responder ao convite presencial de gravar umas palavras sobre o assunto, mas contribui com um pequeno texto, caso a reportagem vídeo fosse acompanhada de um artigo. Fica aqui o destaque ao trabalho dos jornalistas (no qual surge o nosso «enviado a Marte», José Saraiva), bem como a minha contribuição.

A espécie humana é lenta e acomodada por natureza e só nos movemos pela força da necessidade ou do incómodo. Não há nada de moralmente errado, trata-se do mais básico imperativo genético: chegados à fértil pastagem ou à pradaria recheada de caça, há que parar e reproduzirmo-nos. O esforço termina quando o objectivo é alcançado e se assegura o futuro.

Isto, infelizmente, é a postura pragmática da mentalidade adulta, anti-heróica, desprovida de ideais, contrária à perspectiva romântica de quem ainda é jovem. Sabemo-lo bem, já o fomos ou estamos em fase de o ser, e não há quem não passe por esta transformação.

As sociedades humanas não são diferentes neste aspecto, e se jovens e românticos sonhámos com a exploração espacial, a conquista dos outros planetas e elaborámos ficções a esse respeito, quando finalmente lá chegámos deparámo-nos com a pergunta que não soubemos responder antes.

O que fazemos agora com isto?

Perante os riscos (enormes) e o esforço (imensurável) de colocar humanos em condições muito precárias no espaço e noutros planetas, por reduzidos períodos de tempo, o sonho desfez-se, e não se voltou a ouvir falar de exploração espacial a não ser pelos métodos muito mais razoáveis, mas menos idealistas, de sondas não tripuladas. Inclusive a ficção científica virou-se para dentro, para o planeta e para os problemas humanos. Éramos o filho que, tendo-se aventurado para fora de casa, se deparara com um mundo inóspito e agreste.

Voltar ao espaço terá, assim, de ser um empreendimento de adultos, de uma espécie madura. Já não pelo entusiasmo da descoberta mas pelos passos pequenos, progressivos, seguros, da necessidade. O espaço terá de nos dar o que a Terra não é capaz, e alguém irá ganhar dinheiro com isso. Pode não ser uma atitude nobre, mas a conquista espacial é, acima de tudo, uma conquista financeira.

Existem efectivamente condições únicas no espaço, ou mais especificamente, na imponderabilidade. Certas ligas metálicas só conseguem ser produzidas em ambientes de queda livre, ou determinada cristalização de compostos. É possível que os novos computadores quânticos, cuja capacidade de processamento será amplamente superior à dos computadores actuais, necessitem de ligas supercondutoras e que estas só possam ser fabricadas em órbita. É possível que situações de crise energética levem determinados países com escassez de recursos a montar plataformas em órbita para capturar a luz solar e enviá-la para estações espaciais em feixes concentrados de infra-vermelhos (não obstante os riscos inerentes). É possível que a aviação consiga recorrer a trajectórias balísticas sub-orbitais para reduzir os tempos de viagem e os custos de combustível, habituando assim uma geração ao fenómeno da queda livre e promovendo o turismo espacial.

São processos graduais. Todos derivados de uma necessidade concreta. Mas quando acumulados, irão estabelecer as condições para avançarmos para o espaço. As fábricas construídas em órbita necessitarão de uma tripulação permanente, o que conduzirá ao estabelecimento de condições adequadas de vida para período prolongados no espaço. Nascerão crianças longe da superfície terrestre, constituir-se-ão famílias, comunidades, culturas. O fenómeno humano a acontecer, como sempre na nossa história.

Ignoro se isto surgirá nos próximos 40 anos - é possível que sim. Mas em último caso, será necessário darmos este passo fundamental. O sol não durará para sempre, o nosso planeta é extremamente frágil, como temos visto, e para sobrevivermos daqui a uns milhões de anos teremos de começar, um dia, a tornarmo-nos numa espécie capaz de sobreviver à dureza de ambientes não planetários.

Fica esta pequena/grande curiosidade, impossível de satisfazer: como será a Ficção Científica desses magníficos novos seres humanos?

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16 Julho 2009

Falta Menos De Uma Hora para o fim da infância da Humanidade, há quarenta anos. Encontram-se já em posição e a aguardar a contagem final que os lançará, dentro do prazo governamental (e ainda dizem que a função pública não é capaz de grandes feitos...) para o abraço do destino, há quatro décadas. Os espíritos aguardam ansiosos, há quase meio século.

Hoje podemos seguir esse dia que também é hoje, e os dias que se lhe seguiram e que não voltaram a ser. Temos tecnologia e meios para o simular e devemos aproveitá-la. A história, contudo, já se encontra contada. Ainda assim, vale a pena revisitá-la como se a víssemos pela primeira vez, pois possivelmente é pela primeira vez que a vimos.

Não assisti à transmissão original. Embora já não fosse ideia, ainda estava a caminho da minha alunagem pessoal, da minha entrada neste universo maravilhoso. Nasci deste lado da era espacial da Humanidade, mas fui concebido quando ainda era Ficção Científica. Eis, julgo eu, a mais maravilhosa das dicotomias.

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