Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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17 Maio 2010

Coisas Que Passam Pela Cabeça ao assistir-se ao Homem-de-Ferro 2: porque foi o idiota do Stark sair do conforto do anonimato? Então o russo tem esquemas para um reactor nuclear portátil e vive na miséria? E constroi-se assim reactores na arrecadação? Como é que o tipo aterra num palco àquela velocidade sem lhe fazer uma mínima amolgadela? Ainda por cima afirma-se como grande protector da paz mundial? Por que não leva um tiro na testa quando está sem fato? Não há países capazes de o fazer? Nem os próprios EUA? Ah, Scarlett... Toxicidade a 50% e anda aos pulinhos? E que raio de toxicidade é essa: diferencial de glóbulos brancos, presença de metais, what? E já agora, para que precisa ele de um reactor no esterno? Aquilo não emana calor? Não lhe danifica os pulmões? Um pacemaker não bastava? Ah, Scarlett... É preciso destruir assim aquela bela casinha à beira-mar? O russo consegue entrar em sistemas informáticos empresariais com aquela facilidade? E deixam-no construir robôs sozinho sem passar pela aprovação e acompanhamento das equipas técnicas? Não há mais ninguém que trabalhe naquele edifício? Ninguém que comprove o verdadeiro conhecimento do tipo? E é algum superherói para derrubar sem arranhões os guarda-costas? Ah, Scarlett... Então deixa-se o amigo levar um fato? Ainda por cima apanhando porrada? Sem enviar um exército de advogados que impedissem os militares de lhe porem as mãos em cima? E tudo o que fazem com o fato é juntar-lhe uma metralhadora? Nem tentam desmontá-lo para entender a tecnologia e reproduzi-la? Ah, Scarlett... O pai deixa uma mensagem críptica numa bobina de filme, espantosamente conservada, sem nunca implantar no miudo memórias e indícios do que poderia ser a grande solução? A grande solução, afinal, é sintetizar um novo elemento? Supondo que o novo elemento tem de ser superpesado, ou seja, ter um peso atómico de 120 ou mais (se não é uma partícula conhecida, certo?), hão-de dizer-me como é que se produz sem um acelerador de partículas maior que o do CERN e capaz de sobreviver mais do que alguns microssegundos? Um elemento desses não seria super-radioactivo? Apesar de tudo isso, não teria sido mais fácil para o pai deixar uma mensagem escrita - olha, filho, faz-se assim - do que construir um parque temático inteiro em representação de um átomo super-pesado? Isso não é levar o exibicionismo de novo-rico ao extremo? Ah, Scarlett... E porque é que o Stark nunca dá dinheiro aos pobres ou tenta implementar um sistema de segurança social na América? Não era mais proveitoso do que sentar cientistas de todo o mundo para construir um futuro melhor? As soluções não são já conhecidas, faltando só meios e vontade para as seguir? Ah, Scarlett... E que raio de final é aquele? Os gajos estão rodeados de dezenas de robôs militares, mas uns tirinhos e um raio laser é o que basta para os desfazer em bocados? E o russo, quando chega, não acredita na capacidade protectora do capacete? Não basta fritar a cabecinha dele com o raio de energia para se acabar com a história? E quem é que vai pagar a remodelação do parque temático e os danos na imagem da empresa?

A não aguardar ansiosamente pela terceira parte.

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16 Maio 2010

A Recomendação De Hoje destina-se, não aos leitores mas aos editores, para que se foquem no recente galardoado com o prémio Nébula para melhor romance de 2008: Paolo Bacigalupi.

Como já aqui dissemos, Bacigalupi é uma das grandes revelações da FC dos últimos tempos: detentor de uma prosa directa e eficiente, e de um olhar de lince perante o mundo inventado (leia-se: descrevendo o que interessa e o que serve ao propósito da história, sem excessos nem gorduras), é também imbuído de uma consciência política e social (leia-se: tem opiniões), e procura encontrar narrativas que traduzam esse desconforto perante a realidade e o presente (leia-se: não se limita a introduzir vampiros nem zombies para efeito de choque ou estranhamento em comunidades cujos estilos de vida carecem de verdadeiras provações e dificuldades).

The Windup Girl é a consolidação, em forma de romance, de um mundo e uma mensagem que tem vindo a ser explorado em contos como «The Calorie Man» e «Yellow-Card Man» (online): o que resta da nossa civilização tecno-globalizada após termos consumido a última gota de petróleo e a procura de energia (de «calorias») se torne no objectivo individual de vida, igual ao que a procura de dinheiro representava na era anterior. O mapa político global transformou-se (com o desaparecimento dos Estados Unidos), pelo que o foco do enredo se desloca para o oriente, em particular para a Tailândia, aqui descrita com a pertinência tecnológica que Gibson utilizou para o seu Japão cibernético. Além dos problemas energéticos, o planeta vê-se confrontado com os resultados da engenharia genética utilizada para fins militares e terroristas.

The Windup Girl conseguiria, creio, ser apresentado no nosso mercado enquanto fábula ecológica, dando particular ênfase ao esgotamento do petróleo e à alteração da realidade política. Alguns comentadores da praça poderiam apreciar a natureza do livro, em particular conhecendo a apetência dos mesmos para a FC. Ficção especulativa para gente inteligente.

Bem, fica a proposta.

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