Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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24 Dezembro 2010

O Presente É O Futuro que ninguém quis. Entre a miscigenação do urbano e da fantasia fácil e indolor, e a distorção da História para assumir vestes de modernismo com pouca ou nenhuma preocupação com a crítica social nem com o relativismo dos nossos comportamentos sociais, não há mais espaço para a Ficção Científica. É quase comovente perceber o quão nos distanciámos das palavras de Jack Williamson, um dos poucos autores que esteve no início do género e talvez tenha estado no seu fim:

For people of school age in the 1920s, science seemed like a sort of wonderland that would be a means of changing the world and making things perfect. And this was a feeling shared by many of us who were drawn to writing science fiction in that period.

O deslumbramento pelo vislumbre do futuro foi substituído pela re-descoberta de um passado alternativo de glória tecnológica. É isto o steampunk, e é lá que encontrarão os autores que escreveriam de outro modo FC nos dias actuais. Também esta moda passará, e com um tempo de vida mais curto, pois nem sequer nos permite ansiar pela vinda dos mundos descritos. Mas esta não deixará herança.

Se houve gente desanimada com o que o futuro lhes promete, será sem dúvida a que habita o Planeta Portugal, foram empurrados no último ano, entre berros e pontapés, para dentro de um romance de K. Dick, daqueles em que a realidade é muito diferente do plácido sonho em que pensavam viver. Mesmo que a realidade não passe de um desafio impossível imposto pelos matulões do clube europeu, naquela atitude de impor tarefas humilhantes aos putos de óculos e borbulhas, se não dá-se-lhes porrada... para que o puto de óculos e borbulhas volte a perceber que nunca fez verdadeiramente parte do clube.

Também por estas paragens relativamente caladas cederemos lugar ao revisionismo histórico, ao poder do vapor e da electricidade a carvão, talvez com algum comentário sarcástico à mistura. No fim, convém colocarmos em ordem a história da nossa vida, para que não assinalem mal os factos. Aceitam-se novas designações para este planeta. Se comprarem por atacado, fica mais barato.

Feliz 1811.

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18 Dezembro 2010

Esta É A História De Uma Sociedade tecnocrática que sonha com campos verdejantes e prados de papoilas. Claro que já se esqueceu que foi ali que começou, dia após dia trabalhando arduamente sob sol e chuva e rezando aos deuses dos elementos para que a geada não queimasse as colheitas e os gafanhotos não se juntassem em «flash mobs» devoradores. Tão insatisfeita estava que preferiu atravessar uma Revolução Industrial e várias guerras europeias até atingir um estado de equilíbrio assente numa economia global e na saúde assistida. Não há mal nenhum em sonhar, desde que se tenha presente que é algo que acaba ao acordar, ou nos genéricos finais. E que até os cenários dos sonhos terão os seus próprios sonhos de perfeição, sinal de que não representam o paraíso.

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