Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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14 Fevereiro 2011

Um Texto Inspirado num conto de Sterling («Life in the Mechanist/Shaper Era: 20 Evocations»), de uma era em que acreditava.

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13 Fevereiro 2011

Poucos Regressos A Êxitos Passados são tentativas de retoma tão transparentes como Tron: Legacy e tão confusas na avaliação do resultado. Se por um lado é um filme bastante experiente no uso da animação virtual, por outro está perfeitamente consciente de que foi produzido numa era pós-Matrix e pós-Avatar e não se crê capaz de inovar em tantas áreas como o primeiro; possivelmente, fazê-lo implicaria mais tempo e dinheiro do que esteve à disposição do projecto, e sem dúvida necessitaria de uma narrativa mais ambiciosa. Ora, ambição narrativa não foi sequer o que distinguiu o filme original. A história seguia os ditames de qualquer bom jogo arcade dos anos 80, em que a meta a atingir é simples e clara, e os obstáculos perfeitamente definidos e ultrapassáveis com certeza matemática: por muito espantoso e inovador que seja a virtualidade, no mundo real é que se está bem, e quem entrou nela por acidente nos primeiros vinte minutos do filme faz de tudo para ter saido ao final de hora e meia. Se assim era na versão de 1982, ainda mais nítido se verifica na actual. Isto para afirmar que, se desconsiderarmos o lapso temporal e as inevitáveis alterações culturais e tecnológicas entre os dois filmes, Legacy acaba por ser, nem melhor nem pior, que o Tron original. As falhas do primeiro estão patentes no segundo, e em certos casos evidenciadas, como o patético enredo de enquadramento no mundo real que transmite uma sensação de inutilidade e enfado semelhante às conversas preliminares dos filmes pornográficos...

Enquanto que Tron era impelido por uma vontade de vanguardismo, Legacy é um regresso confortável a um percurso já percorrido, apenas mais requintado a nível estético. É espantosa a resistência em apresentar novidades: os transportadores bipedais estão lá, como seria de esperar, mas também está o jogo de frisbees, as motas de cauda letal, o comboio de feixe luminoso, o céu vazio de pormenores, a falta de cor. Estes eram os constrangimentos técnicos da capacidade de processamento da época, mas ainda assim, os arcades não se limitavam a estas opções de jogo, e entre 1982 e 1990, ano do suposto desaparecimento de Flynn (contando com o tempo de encontrar namorada, engravidá-la e celebrar o sétimo aniversário do filho), aconteceram suficientes avanços que teriam melhorado o universo de Tron - como o Commodore Amiga, o Spectrum, o processador 286. Os jogos já tinham uma animação mais capaz. Pensem: se efectivamente Flynn procurou melhorar e actualizar aquele universo, não teria incluido uma versão do Tetris?

Se Tron é um filme concebido por gente nova e ambiciosa, Legacy é um filme de gente velha e complacente, para quem o rejuvenescimento facial de Jeff Bridges, que se impõe insistentemente ao espectador, é uma forma de catarse. Não é um grito de alerta para as possibilidades do futuro mas uma (última) chamada de atenção para uma glória que não se gostaria de ver esquecida. Também aqui estivemos, dizem eles, antes dos ditos Avatar e Matrix. Mas não ficámos ricos. Por favor, lembrem-se de nós, ao menos.

Eis o problema dos pioneiros: vão demasiado à frente dos mercados.

O que não significa que haja uma ausência de momentos de encantamento. Ainda que o 3D não acrescente muito à experiência (e aqui, mais do que em outros filmes, a redução de luminosidade provocada pelos óculos é notória), acabou por resultar em determinadas cenas. E sem dúvida que a forte banda sonora ajudou a manter a atenção desperta, mesmo quando Bridges soltava mais uma das idiotas falas Lebowskianas...

Como afirmei, não pretende ser mais do que anunciara ser, não mais do que um reviver breve de um outro momento breve de há trinta anos. A geração a que pertenço começa a apreciar as suas injecções de memória. Mas Tron surgiu na nossa infância, e tudo é mais colorido aos 12 anos. A verdade é que, se não fosse pelo primeiro filme, Legacy conseguiria suster-se nas próprias pernas. Não seria aclamado como uma obra-prima, mas a estética visual talvez o tornasse num filme de culto, e com algumas alterações narrativas para destacar o aspecto «retro» dos videojogos, poderia ser entendido como uma representação impressionista do espaço mental dos primeiros jogos electrónicos - antes do World of Warcraft, antes do Second Life, quando era apenas jogo, apenas objectivo, sem nada mais a atrapalhar. Duas barras opostas comandadas por botão rotativo, que procuravam rebater uma bola sobre um ecrã negro sem outros adornos, era o suficiente para nos viciar. Daqui podemos concluir que é bastante ingrato o papel das histórias que continuam outras.

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