Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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24 Dezembro 2022

Na época festiva, há por hábito dar prendas, e aqui não se foge ao preceito. O Natal, tal como hoje se conhece, pode assumir a forma de um evento cultural transnacional, afastado das suas origens e indiferente às condições de cada região (por exemplo, as diferenças de estação entre hemisfério norte e sul), mas nasceu de uma celebração à mudança dos dias e à viragem da precessão celeste que se deve exclusivamente à nossa dança em volta do Sol e do próprio planeta - aliada aos efeitos secundários no clima. O Natal tem, portanto, uma natureza intrinsecamente ligada com a Ficção Científica. Daí que seja mais do que adequado celebrá-lo dessa forma, para o qual vos remeto a um conto antigo. Sim, «Também Há Natal em Ganimedes» já tem barbas, mas sobrevive, agora numa versão mais composta, com ligeiras alterações para esclarecer ideias e suavizar atropelos de linguagem que enfermavam o estilo de um certo rapaz inexperiente. É um texto algo delicodoce, admito, principalmente na conclusão, mas ter de encher o mínimo de páginas necessárias para concorrer ao prémio Caminho, bem como fazê-lo em cima do prazo, condicionou a que fosse colhido à pressa, sem tempo para maturar. Foi dos últimos contos a incluir no manuscrito, quando percebi que as alternativas melhores não ficariam concluídas a tempo. Ainda assim, é bem disposto, e repudia a tragédia que facilmente se vislumbra no horizonte, em termos narrativos, para a simpática família retratada (o andarilho escapou da sua rota planeada? E pode danificar ou comprometer o funcionamento de um habitat humano? Hmmm...) Também me espantou descobrir depois esta antologia americana com igual nome - teria eu esbarrado antes com tal título, e este ficou dormente no meu subconsciente? A coincidência é espantosa, mas Ganimedes parece ter sido um local atraente para situar certo tipo de histórias. Faz de conta que honra uma certa tradição, e enquanto não o visitamos em presença, deleitemo-nos com estes olhares conhecedores. Feliz Natal!

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18 Dezembro 2022

Sobre a escrita de cenas de acção - uma das perguntas da entrevista feita pelo Bruno à qual dei a resposta que podem ler aqui (assinem a newsletter!) -, eis um exemplo inteligente de como integrar enredo, envolvimento emocional e coreografia física. Trata-se também de uma história de fantasia cujos elementos fantásticos são usados como tempero, para dar um sabor intrigante, ainda que não sejam fundamentais para a sua confecção (por outras palavras, a história manteria a narrativa essencial se todas as referências ao «outro mundo» fossem extirpadas ou substituídas por alternativas mais banais). Neste caso, poderemos realmente classificar esta história como fantasia? Uma discussão que se alongaria noite dentro...

Destaque também para alguns comentários da autora na respectiva entrevista que acompanha o conto (negrito meu): «Rather than my characters behaving in unexpected ways, I struggle most with their inclination towards inaction. (...) I spend a truly horrible amount of time trying to wrench the plot around to force them into action despite the risks and consequences that they’re afraid of Uma abordagem narrativa que é, não só contrária à apetência tradicional da ficção popular pelo movimento, como utiliza a acção como forma de resistência, e sabemos nós que é pela resistência que as personagens mais se revelam. Procurem estar atentos a estas pérolas de sabedoria, mais preciosas e económicas do que muitos cursos de escrita criativa.

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