Conceito de Luís Filipe Silva

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Dan Simmons: Illium e Olympos

Ricardo Loureiro -  Crítica |  16 Out 2006

Ilium começa nas planícies em frente à sitiada cidade de Tróia no nono ano da guerra com Thomas Hockenberry, ex-professor de Humanísticas a tomar notas sobre os eventuais desvios do que presencia em relação à Ilíada de Homero. Munido de uma bracelete de morphing que lhe permite tomar a forma de qualquer um dos intervenientes na guerra, Hockenberry movimenta-se por entre as tropas de ambos os lados observando os eventos e tomando as precauções necessárias para não os alterar. Não demora muito ao leitor a perceber que esta muito real guerra tem a intervenção directa das divindades do panteão helénico tal como narrado por Homero. Por ali se passeiam Zeus, Hera, Pallas Atena, Afrodite, Apolo, e tantas outras divindades e semi-deuses. E quando a Musa a quem diariamente relatava os desvios ao poema épico leva Hockenberry à presença de Afrodite, que lhe faz uma proposta que ele não pode recusar, inicia-se uma cadeia de eventos que irá alterar profundamente os destinos de homens e deuses. Equipando-o com um medalhão de teletransporte quântico, e um elmo de invisibilidade, Afrodite pede a Hockenberry para assassinar Pallas Athena, a sua eterna rival. Num ímpeto o ex- professor, que pouco relembra da sua vida passada, vê-se embrenhado numa luta pelo poder que o levará de Olimpo às planicíes de Tróia passando por Indiana e pela cama de Helena de Tróia. E quando os acontecimentos começam a escapar ao controlo de heróis humanos e deuses, Hockenberry, desesperado decide tentar o impossível: escapulir-se ao jugo dos deuses pondo fora de cena Afrodite e manipulando Aquiles e Hector para os levar a começarem uma guerra contra os deuses que Hockenberry tem todos os motivos para acreditar não serem tão imortais quanto aparentam. Ao contar o seu plano a Helena esta de imediato concorda com a ideia. Mas Helena tem a sua própria agenda e Hockenberry de repente vê-se com mais problemas entre mãos do que aqueles que pretendia.

De Tróia somos levados para uma Terra quase paradisíaca onde os humanos vivem em constante festa movimentando-se via fax numa paisagem profundamente alterada. Em Ardis vamos encontrar Daeman, Harman, o único homem na Terra que aprendeu a ler nos últimos 1400 anos, Hannah e Ada. Daeman é um hedonista rubicundo apenas preocupado em seduzir belas jovens e capturar borboletas. Harman prepara-se para comemorar 99 anos de idade, um acontecimento que na sociedade de traços eloinianos é considerado de mau gosto. Hannah, fascinada com a metalurgia prepara-se para concretizar um forno aciático, talvez a primeira vezes em séculos que alguém fabrica algo e Ada anda fascinada pelo enigmático Harman e as suas histórias de ter viajado ao longo da Brecha do Atlântico. A vida para estes humanos de velho estilo como eles acreditam serem vai sendo preenchida por festas e celebrações sendo todas as suas necessidades atendidas por servitores e voynix, criaturas estranhas e silenciosas que os seguem por toda a parte. A cada «vintena» são enviados via fax para os anéis que orbitam o planeta nas linhas equatoriais e polares para reapareceram alguns dias mais tarde rejuvenescidos até ao «fax final» que ocorre à quinta «vintena», altura em que acreditam que se juntam aos pós-humanos nos anéis. O espírito curioso de Harman junta Daeman, Hannah e Ada na busca duma mulher que ele crê poder estar na posse duma nave espacial que lhes permitirá voar até aos anéis. Savi vem a revelar-se ser a mulher mais velha de todo o planeta, dona duma sabedoria que nem mesmo Harman, que se orgulha do facto de se ter auto-ensinado a ler, sonhava poder existir. Nas deambulações por uma Terra semi-despovoada, Savi leva-os ao encontro de Odisseus cuja missão é aparentemente ensinar aos poucos humanos as artes marciais, de construção e da medicina aliadas a uma forma de pensar filosófica que surge como uma mescla de hinduísmo, budismo e paganismo.

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(c) Autor do Texto, (c) Luís Filipe Silva, 2003/2007. Não é permitida a reprodução não autorizada dos conteúdos.

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Autor:
Ricardo Loureiro