Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


Encontra-se em modo de artigo. Para ver as outras entradas vá para a Página Inicial ou Arquivo, no menu da direita.

20 Agosto 2006

ALGUNS CONSELHOS de escrita, neste caso sobre cenas de acção. Algo normalmente difícil para um escritor que não seja visual, ou cujo forte esteja na destreza do diálogo. No entanto, por vezes é necessário apresentar este ponto (não me lembro de nenhum caso na recente ficção portuguesa, mas creio que isso talvez se deva porque não leio ficção portuguesa). Aqui estão alguns conselhos que podem considerar úteis. Esta não é a minha forma de fazer: sou extremamente visual, e normalmente cenas de conflito físico são das mais agradáveis de fazer, se correctamente visualizadas - desaparecem os proseletismos, a vontade de afirmações filosóficas, a necessidade de enquadrar a história num quadro mais grandioso meta-literário que, como na ressonância dos baixos numa melodia, ajudam a aprofundar a narrativa. É narração pura e dura, frases curtas, verbos perfeitamente encaixados entre sujeito e predicado, e a necessidade de manter aquele parágrafo a fluir sem repetição de termos e fazê-lo interessante e ao menos, verosímil. É também a oportunidade perfeita para demonstrar personalidade e enriquecer o personagem. Lutar é um acto muito físico e se for corpo-a-corpo, tão intenso e pessoal. Como fazer amor, de certa forma, só que ali envolve sobrevivência e a necessidade de subjugar a vontade do oponente. E da mesma forma que não se faz amor igualmente com duas pessoas diferentes, não se luta igualmente com duas pessoas diferentes - algo que os filmes menores de acção ainda não entenderam, apresentando o mesmo estilo de pancadaria ao longo de todo o filme, como se bons e mauzinhos tivessem frequentado a mesma academia e os mesmos professores.

[Link Permanente

17 Agosto 2006

WHAT'S HOT OUT THERE? Onde se mencionam tendências que estão a dar que falar, livros que todos andam a ler, e se perpertua indiscriminadamente o burburinho de entusiasmo pelas novidades que muitos engenheiros de marketing social (chamemo-lhes assim, já que eles próprios não o admitem) aproveitam para o acto religioso conhecimento por product placement (em português vernacular: enfiá-lo no sítio certo).

E nesta primeira entrada, uma chamada de atenção para um artigo - em inglês - de John Joseph Adams de crítica a três livros distintos, dos quais destacamos dois (*): The Lies of Locke Lamora, de Scott Lynch (uma fantasia que não utiliza muitos elementos fantásticos - à semelhança da saga de George Martin, a qual, espantosamente, tem imensos seguidores no mercado de fantasia, vá-se lá compreender os leitores -, e é o primeiro volume de sete!, mas que, de acordo com os comentários, e incluindo o mencionado, lê-se bem e não causa indigestão), e Infoquake, de David Louis Edelman, uma tecnofantasia (**) que tenta aplicar os conceitos da sociedade da informação ao corpo humano (Brunner, agora é que eles começam a entender-te...); a confiar na parafernália de adendas (glossário, artigos, entre outros) ao livro e no material disponível da web do autor, parece-nos perigosamente próximo daquele estado de espírito apenas familiar a clarividentes e candidatos políticos em época de campanhas («confiem em mim, estou mesmo a ver o futuro!»), pelo que aconselhamos uma leitura desapegada e uma atitude levemente sarcástica para não se deixarem infectar por memes tão perigosos.

* Do terceiro não fazemos referência, pela nossa desconfiança da capacidade de Robert Sawyer, embora aqui no papel de editor, em distinguir boa literatura - a obra dele é da mais aborrecida e sonorífera da actual FC. Fica ao vosso critério.

** sob a luz do pós-modernismo, este texto aborda uma desconstrução do corpo humano e respectiva biologia, revista de acordo com critérios ligados à informática e à cibernética, que transformam o humano e íntimo em algo mecaniscista e impessoal; sem dúvida material para debater e explorar a noção de individuo e identidade face a uma alteração radical da ecologia tecnológica envolvente - o que automaticamente permite classificá-lo como uma tecnofantasia.

[Link Permanente

Site integrante do
Ficção Científica e Fantasia em Português
Texto
Diminuir Tamanho
Aumentar Tamanho

Folhear
Página Inicial

Arquivo

Subscrever
Leitor universal