Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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28 Novembro 2009

No Final, restam as memórias e os momentos de encantamento. Nada mais nos dará a Ficção Científica: nem foguetes nem imortalidade nem colónias espaciais nem inteligências artificiais nem cidades automatizadas nem biodomos nem contactos imediatos nem viagens no tempo nem portais para outras dimensões. Tudo isto depende da realidade, cujo enredo independente não segue os padrões de nenhum género nem cumpre as expectativas dos leitores que aprisiona. Da Ficção Científica apenas retiraremos as pequenas incursões de cada descoberta ficcional e os sonhos que as imagens temáticas nos inspiram. Nesta missão humilde surge a revista como veículo, como cápsula de histórias - condensada, regular, laboratorial. A Ficção Científica desapareceu do quotidiano porque já não acreditamos nos heróis interestelares, porque os rapazes já não sonham em se tornarem nos astronautas do próximo século. O futuro não sobreviveu ao ano 2000 e agora existimos num posfácio - ou, melhor: no volume intermédio de uma trilogia, aquele pastelão de monotonia que serve apenas de ponte entre um início promissor e uma conclusão (esperemos) magnífica.

Eis uma destas viagens pessoais. A pergunta que gostaria de ver respondida é: ficarão estas saudades pelas capas da Panorama, da DH Ciência, da Livros de Bolso PEA, da Argonauta, da Caminho, da Bang!, Nova e Phantastes?

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21 Novembro 2009

E Depois Das Enfadonhas notícias sobre contos e publicações minhas, eis algo verdadeiramente notório: uma simulação animada sobre a possibilidade de a Terra ter anéis orbitais parecidos aos de Saturno.

Como poderão observar, são imagens belas e poéticas. A filosofia, a religião e possivelmente a nossa forma de encarar o planeta teria sido diferente. Decerto que os anéis, vistos da superfície terrestre, não seriam tão uniformes como a simulação, apresentariam desigualdades ou imperfeições na superfície - imperfeições que rodariam em torno do planeta em órbitas mais céleres que a da Lua, que seriam estudadas na antiguidade e que, talvez, conduzissem os antigos gregos às leis da mecânica celeste que só milénios mais tarde Newton sintetizaria matematicamente. Imperfeições que ajudariam os navegadores oceânicos do passado a ultrapassar o problema de determinar correctamente a longitude e assim facilitiariam as expedições aquáticas a grande distância, contribuindo para uma conquista mais rápida da globalização. Talvez o heliocentrismo nunca tivesse sido popularizado - embora desconfie que, existindo nós no interior de tais anéis, certos temas religiosos, como o Paraíso e a ascensão a planos superiores, se tornassem mais intensos. Os homens adaptariam as palavras dos textos religiosos para acomodar o fenómeno das alturas. Imaginariam seres a habitar os anéis, anjos ou demónios ou simplesmente observadores que criticariam o comportamento humano. E os signos não precisariam de encontrar padrões nos céus estrelados e ligariam o destino das gentes e das nações à conjunção particular de cada traço, cada círculo do anel. Sem esquecer, obviamente, que estes seriam designados à exaustão - uma palavra para os anéis iluminados, uma para os anéis na sombra da Terra, uma para os anéis na transição entre sombra e dia, uma para cada cor e tom e forma...

Não foi contemplada na simulação mas imaginem os anéis a tombarem sobre o nosso horizonte atlântico, e como teria sido uma imagem mais evocadora que os espaços urbanos de Paris e Nova Iorque e Madrid...

Nem tudo seriam rosas, obviamente. A luminosidade dos anéis dificultaria o estudo das constalações e dos planetas (pelo menos em algumas latitudes) e a radiação reflectida talvez aquecesse o planeta a ponto de atrasar o surgimento da vida. Sem dúvida que a nossa História teria sido diferente.

Fica no entanto a confirmação que se pode ter uma ideia própria da Fantasia, especular sobre a sua possibilidade a nível da Ficção Científica e daqui tecer Literatura. Sinceramente, não entendo, por vezes, a necessidade dos confrontos entre os géneros.

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