Conceito de Luís Filipe Silva

Ficção Científica, Fantástico, Surrealismo, Realismo Mágico, Terror, Horror, Ciberpunk e História Alternativa - e por vezes, se fôr de excelente qualidade, ainda fechamos os olhos a um certo Mainstream...

[Conheça o Manifesto]


O Futuro à Janela: Estudo da Obra e da Ficção Científica Portuguesa Actual

Miguel Valverde Juncal -  Crítica |  23 Mai 2005

Nas décadas de 40 e 50 há poucas obras de ficção científica publicadas e seguem a mesma linha de Amilcar de Mascarenhas: Mensageiro do Espaço e Ameaça Cósmica de Luís de Mesquita; e O Construtor de Planetas e outras histórias e A Morte da Terra de Alves Morgado. No final da década de 50 com o neo-realismo já presente, Enric Prince escreve Vieram do Infinito, na qual apresenta os alienígenas como amigos, e o antropólogo Romeu de Melo AK (1959), assim como dois contos de Lima da Costa.

Nos anos 60, a introdução das ciências humanísticas no género chegam a Portugal. Surgem uma quantidade significativa de obras, como: Crónicas do Tempo do Cavaleiro Charles e do Seu Fiel Escudeiro Pompidouze de Miguel Barbosa (que nos apresenta um autor-robô de um Novo Quixote); e O Grande Cidadão de Vergílio Martinho, romance orweliano. Outros autores: Natália Correia, Luís Campos... Aparecem três colecções: Argonauta, Ulisseia 3-C e Antecipação-Galeria Panorama.

A ficção científica continua a crescer durante a década de 70. Inclusivé publica-se um guião cinematográfico. De interesse são as obras: O Inquietante Mundo de Josela de Mário Henrique-Leira ou Não Lhes Faremos a Vontade de Romeu de Melo, entre outros.

Nos anos 80, a ficção científica teve a sua idade de ouro em Portugal: há um aumento de colecções e autores portugueses; aparece a primeira revista de ficção científica, o fanzine Nebulosa e a revista Omnia publicou suplementos dedicados a este género; formou-se a Associação Portuguesa de Ficção Científica e Fantasia; publicaram-se 10 romances, 54 contos, 5 colectâneas, 2 antologias, etc.

Nos anos 90, a ficção científica mantém a situação da década anterior. A situação do género não melhorou porque não há suficientes leitores que demandem esta literatura. No campo das editoras mantêm-se duas colecções (ainda há outra colecção, mas pertence a uma casa editorial que publica esporadicamente e sem ISBN). Apenas se nota um aumento nos encontros em torno à divulgação deste género.

Nesta situação de estancamento surge a figura de Luís Filipe Silva. Escritor prolífico de ficção científica, é autor de obras muito bem consideradas como a série de GalxMente (com dois romances) ou Terrarium (que comparte com João Manuel Barreiros). Filipe da Silva é um activista da ficção científica e edita pela rede uma revista electrónica gratuita (Eventos)[*] na qual trata, entre outros, temas pertencentes ao género. Também dirige outros sites portugueses dedicados à ficção científica.

Luís Filipe Silva publicou há pouco tempo um manifesto da TecnoFantasia na rede (no site de Eventos). Neste manifesto define de forma indirecta o género:

Em tempos idos surgiu o Mito, primevo, único. O Mito e o Sonho juntaram-se, e deram origem à Fantasia. A Razão interpôs-se, e chamou ao casamento Ficção Científica.

Também é interessante a própria definição de TecnoFantasia que está presente nos dois romances de GalxMente mas só em alguns contos de O Futuro à Janela:

A TecnoFantasia é o realismo mágico da era tecnológica. É o mito dos cientistas experimentais. É o imaginário infantil da geração informatizada. [...] A TecnoFantasia sabe que o mundo já não pertence à Natureza, que é tão artificial, obediente e cego como um termóstato.

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(c) Autor do Texto, (c) Luís Filipe Silva, 2003/2007. Não é permitida a reprodução não autorizada dos conteúdos.

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Referências e Textos Relacionados

Autor:
Miguel Valverde Juncal

Textos:
Jorge Candeias fala de O Futuro à Janela, de Luís Filipe Silva
La Nausée II

Na Web:
O Futuro à Janela (Mediabooks)